Sulawesi. Maremoto varreu do mapa aldeias inteiras

O bairro de Balaroa, nos arredores de Palu, e a aldeia de Petobo, localizada entre Palu e Sigi, foram duas das localidades que desapareceram por completo na sequência do maremoto que na sexta-feira passada atingiu a região central da ilha de Sulawesi. Mais de um milhar e meio de pessoas terão sido mortas apenas em Balaroa e Petobo.

Uma organização não governamental indonésia estima que mais de mil pessoas permaneçam soterradas pelos escombros e lama após o sismo que, na sexta-feira, atingiu a ilha de Sulawesi, na Indonésia. As autoridades indonésias atualizaram para 1.424 o número de mortos provocados pelo sismo de magnitude 7,5 e pelo maremoto que se seguiu.

A estimativa da organização Aksi Cepat Tanggap (ACT), especializada em resposta a desastres naturais, tem por base o cenário que encontrou no bairro de Balaroa, em Palu, a cidade mais afectada e que ficou praticamente reduzida a escombros e submersa pelas avalanches de lama que se seguiram ao sismo.

“Há casas em cima umas das outras e corpos por baixo”, disse Ali Akbar, um dos membros da ACT, citado pela agência de notícias EFE.

O activista assinalou as dificuldades dos trabalhos por falta de maquinaria pesada. Desde o início da manhã de hoje, familiares, vizinhos, soldados e voluntários procuram sobreviventes num bairro onde, de acordo com a ACT, viviam mais de 2.000 pessoas e onde, a seguir ao sismo, deflagraram vários incêndios.

Balaroa não é caso único. Uma equipa de socorristas da Cruz Vermelha da Indonésia descobriu na quarta-feira que uma localidade inteira foi aniquilada pelo tsunami que se seguiu o terramoto que sacudiu a ilha indonésia de Sulawesi a 28 de Setembro.

“Quando chegamos a Petobo descobrimos que a aldeia foi apagada do mapa pelo poder do tsunami”, referiu à agência Efe um delegado da Federação Internacional da Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho (FICV) que acompanhava as equipas de resgate, segundo comunicou a organização em Genebra.

O grupo de socorristas chegou à área onde se encontrava a pequena localidade de Petobo, que ficava entre a cidade costeira de Palu -que recebeu totalmente o impacto do tsunami- ao norte e a jurisdição de Sigi ao sul. Petobo “já não existe”, assegura a Cruz Vermelha indonésia.

Na localidade viviam perto de 500 pessoas e até agora apenas foram recuperados os restos mortais de 14 habitantes.

Uma semana depois do sismo prosseguem os esforços de resgate numa altura em que, além dos mortos, se fazem contas e se preparam respostas para milhares de feridos e desalojados. Milhares ficaram feridos na zona central de Sulawesi e mais de 70 mil pessoas foram desalojadas. Os sobreviventes, muitos alojados em tendas e abrigos, sofrem agora com a falta de energia e água e deparam-se com a incerteza sobre quando e se poderão reconstruir as suas casas.

O porta-voz da agência indonésia de catástrofes, Supoto Purwo Nugroho, informou, numa conferência de imprensa, em Jakarta, que a maioria dos mortos já foram enterrados e que os esforços de resgate estão a ser intensificados.

Nugroho assinalou as dificuldades nos trabalhos, adiantando que vastas áreas se desmoronaram quando o sismo provocou a liquefação dos solos, num efeito comparável ao de areias movediças.

Numa zona, cerca de 200 hectares de terra foram “engolidos”, enquanto, numa outra localidade, 180 hectares afundaram-se, arrastando 168 casas.

Um residente de Palu, citado pelas agências internacionais, considerou que várias vítimas poderiam ter sobrevivido se tivessem sido ajudadas mais rapidamente. O porta-voz da Polícia nacional, Dedi Prasetyo, anunciou o reforço da segurança nas áreas afectadas, depois de 92 pessoas terem sido detidas por pilharem mercadorias.

Uma família de sobreviventes denunciou as condições de vida precárias num dos campos de socorro, onde, segundo disseram, a ajuda alimentar é pouca e distribuída de forma desigual e onde é difícil encontrar água.

Supoto Purwo Nugroho disse que milhares de pessoas foram retiradas de barco e que o foco da agência está na intensificação dos esforços de resgate, tratamento médico, distribuição da ajuda, bem como na recuperação das infra-estruturas básicas e na coordenação da ajuda internacional.

Be the first to comment

Leave a Reply

Your email address will not be published.


*


This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.