O ciclone Freddy deixou centenas de pessoas desalojadas após atingir a região central de Moçambique no domingo, na segunda passagem pelo país em menos de um mês. A intempérie bateu recordes de duração e intensidade para tempestades tropicais no Hemisfério Sul.
As comunicações e o fornecimento de electricidade na área mais afectada pela tempestade foram cortados, pelo que a extensão dos danos e o número de vítimas provocadas pela tempestade não são ainda conhecidos em toda a sua extensão. Pelo menos uma pessoa morreu em Quelimane no sábado, quando a casa em que vivia desabou, à medida que a tempestade fustigava a costa.
Mais de 171.000 pessoas foram afectadas pelo ciclone que varreu o sul de Moçambique no mês passado. Na sua primeira passagem pela região, a tempestade matou 27 pessoas em Moçambique e Madagáscar. Mais de meio milhão de pessoas podem ter sido afectadas em Moçambique desta vez, de acordo com o Gabinente das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês).
Depois de passar pela cidade portuária de Quelimane, a tempestade continuou para o interior em direcção à ponta sul do vizinho Malawi, mostram dados de satélite: “O vento estava muito forte durante a noite. Há muita destruição, árvores caídas, telhados arrancados”, disse o chefe de advocacia, comunicações e parcerias da UNICEF para Moçambique, Guy Taylor, à agência Reuters por telefone via satélite, a partir de Quelimane. “É potencialmente um desastre de grande magnitude, e será necessária ajuda adicional”, disse Taylor, acrescentando que as fortes chuvas continuaram a cair durante o dia de domingo.
No Malawi, as autoridades preparam-se para a passagem do ciclone perto da ponta sul do país à noite. A tempestade causou chuvas torrenciais e inundações, disse o Departamento de Recursos Meteorológicos e Mudanças Climáticas em comunicado.
Há duas semanas, 27 pessoas morreram quando o ciclone chegou à costa, depois de ser identificado pela primeira vez perto da Indonésia a 6 de Fevereiro.
Depois de se manter activo durante 35 dias, é provável que Freddy seja o ciclone tropical mais duradouro, sendo o recorde anterior o de um furacão de 31 dias em 1994, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial.
O Freddy também estabeleceu o recorde de maior energia acumulada de ciclone, uma medida da força da tempestade ao longo do tempo, de qualquer tempestade no Hemisfério Sul na história, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA.
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