Autoridades chinesas detectam o coronavírus em gelados produzidos no país

As autoridades da República Popular da China anunciaram no domingo que detetaram vestígios do novo coronavírus em gelados produzidos numa fábrica no leste da República Popular da China, levando ao seu encerramento. Ontem a Administração Nacional de Saúde chinesa  detectou mais de uma centena de novos casos.

A fábrica Daqiaodao Food Co., situada em Tianjin, a uma centena de quilómetros de Pequim, foi encerrada, enquanto os empregados são testados, de acordo com um comunicado das autoridades locais, citado pela agência de notícias Associated Press

A maioria dos 29 mil lotes de gelado nos quais indícios do coronavírus doram alegadamente detectado ainda não tinham sido vendidos, de acordo com a mesma fonte. Quase quatro centenas de unidades vendidas em Tianjin tinham sido recolhidas.

Dos ingredientes fazem parte leite em pó importado da Nova Zelândia e soro de leite em pó da Ucrânia.

Em 16 de Dezembro, as autoridades da República Popular da China nunciaram pela primeira vez que encontraram vestígios do novo coronavírus em embalagens de carne de frango congelada de produção doméstica, também numa cidade do leste da República Popular da China.

Até aí, a China tinha anunciado vários casos de vestígios de SARS-CoV-2 em embalagens de alimentos congelados, mas oriundos de outros países, entre os quais o Brasil.

O Governo chinês tem vindo a sugerir subrepticiamente que a doença, detetada pela primeira vez no final de Dezembro de 2019 em Wuhan chegou ao país através de mercadorias importadas, sem apresentar, contudo, provas concretas. A alegação foi recebida com cepticismo pela comunidade internacional de cientistas, que duvidam da possibilidade.

Nova vaga causa receio

O temor de uma nova onda de casos de coronavírus está a crescer na China continental antes do Ano Novo Lunar no próximo mês, depois de as autoridades terem informado neste domingo que detectaram 109 novos casos de Covid-19, a maioria na província de Hebei, nas imediações de Pequim.

Embora a contagem de novos casos a 16 de Janeiro tenha sido menor do que  os 130 registados no dia anterior, a República Popular da China viu na semana passada o número de casos diários saltar para o máximo em 10 meses.

A tendência inquietante surgiu enquanto uma equipa de investigadores liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) segue em quarentena na cidade de Wuhan, onde a doença foi detectada pela primeira vez no final de 2019. A equipa vai investigar as origens da pandemia que já matou mais de 2 milhões de pessoas em todo o mundo.

No domingo, a Administração Nacional de Saúde (NHC) adiantou que, em relação aos novos casos, 96 eram infecções locais, 72 delas em Hebei, 12 na província de Heilongjiang, 10 na província de Jilin e duas em Pequim.

O número de novos casos assintomáticos, que a China não classifica como casos confirmados, subiu para 119 no sábado, dos  79 que tinham sido detectados na sexta-feira.

Os números permanecem bem abaixo dos níveis observados no auge do surto registado na China no início de 2020, mas as autoridades continuam alerta e, como resultado do surto nas últimas semanas, várias cidades tomaram medidas de isolamento.

O ministro do NHC, Ma Xiaowei, disse no sábado que os surtos no nordeste vêm de viajantes que entram no país ou contaminam importações de alimentos congelados. A República Popular da China é o único país que afirma que a Covid pode ser transmitida por meio da  importação  de alimentos congelados, embora a Organização Mundial de Saúde tenha minimizado os riscos.

A cidade de Pequim vai começar a exigir que os viajantes do exterior passem por exames de saúde ao longo de mais de sete dias, após 21 dias de observação médica, informou a agência de notícias estatal Xinhua no sábado.

Shijiazhuang, capital de Hebei e o local mais atingido no último aumento de infecções, relatou 65 novos casos confirmados transmitidos localmente a 16 de Janeiro, disse a comissão provincial de saúde.

Zhang Yan, oficial de saúde da província de Jilin, disse a jornalistas que o surto foi causado por pessoas infectadas que chegaram à província de Heilongjiang. Zhang disse que 102 infecções recentes estão relacionadas com uma pessoa que viajou entre as duas províncias várias vezes para actividades de marketing direccionadas para idosos.

Os casos confirmados de Covid-19 na China continental totalizam 88.227, enquanto o número de mortos permanece em 4.635.

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