Hong Kong. Quase quatrocentos detidos em jornada de protesto

A polícia da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong usou canhões de água e gás lacrimogéneo e prendeu 370 pessoas na quarta-feira, dez das quais por alegadas transgressões contra a Lei da Segurança Nacional. As detenções foram feitas no âmbito de manifestações contra o diploma, promulgado e imposto pelo Governo de Pequim menos de 24 horas antes.

Pequim revelou os detalhes da lei na noite de terça-feira, depois de semanas de incerteza, colocando uma das cidades mais livres da China e um dos polos financeiros mais sofisticados do mundo em posição periclitante.

Milhares de manifestantes reuniram-se no centro para uma manifestação anual que marca o aniversário do regresso da antiga colónia britânica à soberania chinesa em 1997. O protesto tinha sido proibido pelas autoridades de Hong Kong dias antes.

A polícia de intervenção do território vizinho usou gás-pimenta e disparou balas de chumbo para dispersar os manifestantes, depois de uma multidão ter tomado as ruas e gritado “resistam até o fim” e “independência para Hong Kong”.

“Tenho medo de ir para a prisão, mas por  uma questão de justiça tinha de vir hoje, tenho que me manifestar”, disse um homem de 35 anos, que se identificou como Seth perante a reportagem da agência Reuters.

A nova lei pune os crimes de secessão, subversão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras com a pena máxime de prisão perpétua, abre caminho para que agências de segurança chinesas se instalem em Hong Kong pela primeira vez e permite a extradição para a China continental de suspeitos para que possam ser julgados pelos tribunais chineses. Dez dos detidos na quarta-feira poderão ter que responder por transgressão à Lei da Segurança Nacional.  

A legislação foi adoptada em reacção aos protestos do ano passado desencadeados pelo temor de que Pequim possa estar a minar as liberdades da cidade, garantidas pelo princípio “”Um país, Dois sistemas” acertada quando o território voltou ao controle da República Popular da  China.

Na manhã de quarta-feira, a polícia evocou a lei pela primeira vez ao confrontar os manifestantes: “Vocês estão a exibir bandeiras ou cartazes/a evocar slogans/ou a comportar-se com uma intenção que visam secessão ou subversão, o que pode constituir delitos segundo a lei de segurança nacional”, disse a polícia numa mensagem exposta num cartaz roxo.

As autoridades de Pequim e de Hong Kong têm vindo a reiterar que a legislação visa alguns “arruaceiros” e que não afectará os direitos e as liberdades fundamentais da população, nem os interesses dos investidores.

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