Deputados vão debater derrapagens do metro, “o elefante branco do século”

A suspensão ou alteração do plano de construção do metro de superfície de Macau vai ser discutido sexta-feira na Assembleia Legislativa (AL), a pedido de três deputados que temem que o projecto “se torne no ‘elefante branco’ do século”.

Os legisladores solicitaram o agendamento do debate para confrontar o Governo sobre atrasos e derrapagens orçamentais de uma obra que começou por ter um valor estimado de 4.200 milhões de patacas (2007), passou a projectar um investimento de 14.200 milhões (2012) e está orçado agora em mais de 50 mil milhões, exemplifica um dos deputados eleitos, Leong Sun Iok.

A deputada Lam Iok Fong propôs o debate de forma a confrontar o Governo com as “graves derrapagens orçamentais, falhas na fiscalização e (…) atrasos” nas obras que “já se tornaram numa doença crónica para as finanças de Macau”, num momento em que, sustenta, a sociedade começa a “defender a desistência das obras para evitar o desperdício contínuo do erário público”.

Lam Iok Fong coloca a hipótese de serem eliminados alguns dos troços secundários ou simplificadas algumas das paragens e argumenta que a Assembleia Legislativa é o local adequado para ser definida uma “orientação da política e à resolução do problema da baixa eficácia, da incompetência e da falta de responsabilização”.

Outros dois deputados, que solicitaram o debate de sexta-feira, Ng Kuok Cheong e Au Kam San, frisam que este projecto está já a ser questionado “pelos cidadãos por ser ‘um buraco sem fundo’”.

Já o deputado Leong Sun Iok justifica o pedido da discussão sobre este tema pela “grande discrepância entre a situação actual das obras e o definido no plano original, ao nível da definição de traçados, custos, fiscalização e conclusão das obras”.

Ou seja, esclarece, o debate deve servir para prevenir alterações, divulgação de custos só depois da adjudicação e criar condições para que sejam tornados públicos planeamentos e orçamentos para se aferir dos benefícios económicos e sociais.

A primeira linha do metro ligeiro de Macau, uma obra pública prometida e idealizada há mais de uma década, vai entrar em funcionamento em 2019, como tem vindo a reiterar o secretário para os Transportes e Obras Públicas do território, Raimundo do Rosário.

Numa nota divulgada na noite de terça-feira, o Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT) adiantou que “os ensaios e os trabalhos preparatórios da operação da linha da Taipa continuam a avançar e está prevista a sua entrada em funcionamento no segundo semestre de 2019”.

O metro ligeiro de Macau, automático, sem condutor, com tracção eléctrica e sobre carris de betão, divide-se entre a ilha da Taipa e a península de Macau.

Na mesma nota, o GIT avançou que a obra de construção da estação da Barra, que permitirá a ligação da península à ilha da Taipa, deverá estar concluída em 2024.

Em Setembro, uma auditoria à construção do metro de superfície concluiu que as autoridades de Macau já adjudicaram trabalhos no valor de 1,4 mil milhões de euros, mas que apenas menos de metade das linhas estão concluídas.

Em Julho, o orçamento do metro de superfície de Macau foi revisto em alta para 1,7 mil milhões euros, um valor que deve ainda aumentar, disseram então as autoridades.

“Sim, o metro (…) é um problema, mas precisamos de olhar para o futuro e não para o passado, e, segundo as instruções que recebi, é mesmo para avançar com este projecto”, afirmou à época Raimundo do Rosário.

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