Aproveitamento das áreas marítimas discutido na MUST

O aproveitamento e a gestão dos 85 quilómetros quadrados de áreas marítimas cedidos pelo Governo central à RAEM esteve hoje em discussão na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Um especialista português defendeu que o primeiro grande desafio que as autoridades do territórios têm em mãos passa pela identiticação dos domínios em que o potencial económico é maior.

No final de 2015, a área total de Macau mais do que duplicou, depois do Conselho de Estado da República Popular da China ter colocado 85 quilómetros quadrados de superfície marítima sob supervisão directa das autoridades da RAEM.

O aproveitamento e a gestão das áreas marítimas cedidas por Pequim deu hoje o mote a um seminário sobre estratégias de desenvolvimento para o mar. A iniciativa, que decorreu  nas instalações da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, trouxe ao território João Fonseca Ribeiro. O especialista português defende que o aproveitamento das áreas marítimas deve ter em conta o posicionamento específico da RAEM no Delta do Rio das Pérolas, tendo por base uma ideia de partilha: “A comunidade interage muito entre Zhuhai e Macau no mar e este tipo de visão que sugere que devemos ter estratégias para o mar que se foquem mais nos objectivos comuns, porque são objectivos partilhados e não necessariamente só em Macau e na sua dimensão específica”, defendeu Fonseca Ribeiro.

O director executivo da Blue Geo Lighthouse –  uma empresa sediada na ilha da Madeira e direccionada para o desenvolvimento sustentável das áreas marítimas – sublinha que o Governo de Macau tem em mãos um desafio complexo. João Fonseca Ribeiro diz que a primeira grande tarefa que as autoridades locais têm em mãos passa por identificar e detalhar o potencial da área cedida por Pequim à RAEM: “Há que perceber as actividades económicas que têm lugar, aquelas que poderão vir a ter lugar. Há que perceber que pressão é que a actividade humana exerce sobre o meio marinho, até onde é que ele pode suportar. Há que determinar que áreas é que teremos que preservar, ou mesmo que conservar, limitando ou proibindo actividades e teremos que ordenar devidamente o espaço marítimo, tendo em conta estas realidades e as necessidades sociais e económicas das populações e, por outro lado, aquilo que o meio marinho poderá suportar”, assinala.

Domínios como o turismo e o transporte marítimo ou actividades mais tradicionais, como a pesca, poderão constar naturalmente do leque de apostas a incluir num futuro plano de desenvolvimento das áreas marítimas. João Fonseca Ribeiro diz, no entanto, que às actividades mais óbvias deverá ser possível adicionar outras possibilidades, cujo potencial ainda não foi plenamente identificado: “Julgo que o factor principal a ter em conta é as actividades económicas que têm lugar e que fazem uso das águas sob jurisdição: podemos estar a falar do turismo, podemos estar a falar do transporte marítimo, podemos estar a falar da actividade da pesca ou outras que, quiçá, desconhecemos neste momento”, assume o especialista luso.

O Seminário “Estratégias de Desenvolvimento para o Mar e Gestão de Áreas Marítimas” trouxe até ao território mais de duas dezenas de especialistas e académicos, Pan Xin Chun, secretário geral da Fundação para o Desenvolvimento Oceânico da República Popular da China.

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