A África do Sul, país onde a nova variante de Covid-19 foi detectada em Novembro, anunciou ter superado o pico da vaga de infecções causada pela Ómicron sem registar um aumento significativo nas mortes, numa altura em que muitos países dão conta de um número recorde de infecções.
“De acordo com os nossos especialistas, a ómicron atingiu o seu pico sem que isso se traduzisse por uma mudança significativa ou alarmante no número de hospitalizações”, comentou na sexta-feira o ministro da Presidência, Mondli Gungubele, que o Governo se vai manter vigilante.
O recolher obrigatório, em vigor há quase dois anos – 21 meses para ser mais preciso – vigorava entre a meia-noite e as 4 da manhã. Na véspera das comemorações do Ano Novo, foi finalmente levantado.
“A nossa esperança é que a decisão possa ser mantida”, disse o ministro durante uma conferência de imprensa virtual. “Procuramos encontrar um equilíbrio entre a vida das pessoas, o seu sustento e o objectivo de salvar vidas”, disse o governante, lembrando que a economia sul-africana continua a ser fortemente afectada pela pandemia.
Ao manter a máscara, o distanciamento e acelerar a vacinação – aquém das metas, com apenas 15,6 milhões de pessoas totalmente vacinadas numa população de 59 milhões – o ministro espera que “o recolher obrigatório não volte nunca mais”.
Na quinta-feira, a presidência informou que “todos os indicadores sugerem que o país ultrapassou o pico da quarta onda” da pandemia causada pela nova variante, que é muito mais contagiosa, mas aparentemente menos perigosa: “Foi constatado um aumento marginal no número de mortes em todas as províncias”, acrescentou a presidência.
Na última semana, as novas infecções caíram quase 30 por cento em relação à semana anterior, passando de 127.753 para 89.781. Também houve uma queda das internações hospitalares em oito das nove províncias: “Embora a variante ómicron seja altamente transmissível, as taxas de hospitalização têm sido menores do que nas ondas anteriores”, disse a presidência.
Já detectada numa centena de países, a ómicron tem uma velocidade de transmissão maior que a Delta, mas, ao mesmo tempo, parece causar menos risco de hospitalização, de acordo com os primeiros estudos na África do Sul e no Reino Unido.
Mesmo assim, os cientistas alertam que a sua alta infectividade pode neutralizar a aparente baixa virulência, causando também uma onda significativa de internações e mortes.
“A velocidade com que a quarta onda ligada à ómicron cresceu, atingiu o pico e caiu é desconcertante. Um pico em quatro semanas e uma queda vertiginosa em duas”, tuitou Fareed Abdullah, do Conselho Sul-Africano de Investigação Médica.
Enquanto muitos países multiplicam as suas restrições por causa desta variante, o governo sul-africano decidiu suspender o toque de recolher obrigatório que vigorava entre a meia-noite e as 04h00 da manhã, uma exigência do sector de lazer antes da passagem de ano.
Mesmo assim, a presidência alerta que “o risco de aumento de infecções continua elevado, dada a forte transmissibilidade da variante ómicron”.
A África do Sul é oficialmente o país mais atingido no continente africano, com mais de 3,4 milhões de casos e 91.000 mortes. Menos de 13.000 casos foram registrados nas últimas 24 horas, metade do pico de 26.000 alcançado nesta última onda.
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