A família que ajudou Edward Snowden durante a passagem do norte-americano por Hong Kong pediu asilo ao Canadá, alegando que está a ser alvo de perseguição na vizinha Região Administrativa Especial. A informação foi esta quarta-feira avançada por uma organização não-governamental de Montreal, que diz os membros do agregado familiar correm o risco de ser expulsos da RAEHK.
Guillaume Cliche-Rivard, advogado da organização não governamental For the Refugees, que em Março ajudou dois outros “anjos da guarda” de Snowden – a filipina Vanessa Rodel e sua filha de 7 anos, Keana – a obter refúgio no Canadá, endereçou às autoridades de Ottawa uma petição em que alega “razões humanitárias” e “reunificação familiar” para que outras quatro pessoas que ainda vivem em Hong Kong – e que enfrentam risco de expulsão – possam ser acolhidas.
A esse respeito, Cliche-Rivard destacou a preocupação crescente com os abusos dos direitos civis de que Hong Kong tem vindo a ser palco desde que a antiga colónia britânica regressou à soberania chinesa, em 1997.
Sete pessoas deram abrigo a Snowden em 2013 em Hong Kong, incluindo Rodel e sua filha. Acusado pelos Estados Unidos de espionagem e de roubo de informações sigilosas, Snowden vive actualmente exilado na Rússia.
Outras quatro pessoas, incluindo o pai de Keana, a sua meia irmã e o seu meio irmão, solicitaram asilo ao Canadá.
Um quinto “anjo da guarda” de Snowden, como a imprensa baptizou na altura aqueles que ajudaram ao ex-analista da NSA, ainda está à espera de uma resposta de seu pedido de asilo que endereçou às autoridades de Hong Kong.
A organização não governamental lembrou que na semana passada a Alemanha concedeu o estatuto de refugiado a dois activistas a favor da democracia de Hong Kong, Ray Wong e Alan Li, que se encontravam a ser investigados pela justiça da antiga colónia britânica: “O facto da Alemanha ter outorgado o estatuto de refugiado a esses dois activistas mostra que Hong Kong não oferece garantias no âmbito da Convenção de Genebra” sobre os refugiados, disse numa conferência de imprensa Cliche-Rivard. O advogado defende que a decisão estabelece um precedente e “acrescenta muito peso e credibilidade” ao pedido de refúgio da família.
Originários do Sri Lanka, Supun Kellapatha, Nadeeka Paththini e os seus dois filhos podem ser deportados para o seu país de origem se Hong Kong rejeitar o pedido de asilo. Supun Kellapatha é também pai de Keana.
“A minha filha não devia crescer no Canadá sem o seu pai, seu o seu meio irmão e sem a sua meia irmã”, disse Vanessa Rodel. “A minha família foi dividida e peço ao Canadá que actue agora para a reunir”.
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