Quem são os misteriosos hackers chineses detidos nos EUA?

Escondida por detrás do misterioso nome de código APT41, esconde-se uma nuvem de “hackers. Entre eles estão cinco cidadãos chineses acusados esta semana nos Estados Unidos da América de atacar empresas e de espiar governos e opositores.

Mas o que sabemos exatamente sobre este grupo, conhecido pelos serviços de Inteligência norte-americanos? Está vinculado ao Estado chinês, como afirmam alguns especialistas? Ou actua de forma independente, motivado exclusivamente pelo lucro?

A seguir, cinco perguntas para entender melhor estes piratas informáticos:

Quem são?

Os cinco membros na mira das autoridades norte-americanas são todos antigos, ou actuais, funcionários da Chengdu 404 Network Technology, uma empresa de segurança cibernética que realiza testes de invasão a pedido de pessoas ou empresas, para verificar a vulnerabilidade dos seus computadores.

De acordo com documentos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, porém, a empresa serviria, na realidade, para conduzir ataques de  “hacking”.

Os Estados Unidos da América também acusaram dois supostos cúmplices da Malásia, que dirigem a empresa SEA Gamer Mall. Este  portal malaio vende dinheiro virtual usado em vários jogos on-line.

Quem são as vítimas?

O grupo invadiu computadores de centenas de empresas e organizações de todo mundo, incluindo do sector das telecomunicações, da indústria farmacêutica, dos programadores de software, ONGs e universidades. O seu objetivo era colectar dados pessoais, enviar pedidos de resgate (utilizando um programa de sequestro ou “ransomware”), ou fazer “cryptojacking”,  um método para controlar computadores a distância e produzir moedas virtuais, como bitcoins.

Acredita-se que o APT41 introduziu softwares malignos nas redes de empresas americanas, ou asiáticas, numa associação internacional de combate à pobreza ou em páginas das autoridades indianas e vietnamitas.

Algumas empresas de videojogos dos Estados Unidos,  da França, do Japão, de Singapura e da Coreia do Sul também foram supostamente alvo de ataques.

Como fizeram?

O arsenal é muito extenso: do “phishing” (roubar informações pessoais) a técnicas mais elaboradas, nas quais o “hacker” tem acesso discretamente a um software em processo de desenvolvimento. Os computadores dos clientes que usam esses softwares estão, então, à mercê dos “hackers”.

Os dois malaios teriam pedido aos seus funcionários que criassem milhares de contas falsas de videojogos para armazenar a moeda e os itens virtuais roubados pelos piratadas do APT41. Os ganhos obtidos com a investida foram vendidos a jogadores reais por dinheiro real, de acordo com os documentos da Justiça americana.

Estão vinculados ao governo chinês?

Não há certeza, mas, segundo a empresa de segurança cibernética americana FireEye, existem indícios de que esse vínculo existe.

O APT41 recolheu, por exemplo, informações sobre activistas pró-democracia em Hong Kong e sobre um monge budista no Tibete, dois territórios chineses onde Pequim enfrenta uma certa instabilidade política.

Muitas das actividades do grupo parecem, no entanto, motivadas apenas por interesses financeiros. Um dos “hackers” teria considerado chantagear vítimas endinheiradas durante uma conversa on-line. As acusações americanas não demonstraram qualquer vínculo comprovado com Pequim.

Onde estão agora?

Os cinco “hackers” chineses permanecem em liberdade e é pouco provável que sejam julgados nos Estados Unidos.

Já os dois malaios foram presos no seu país na segunda-feira. Washington está a pedir extradição dos supeitos.

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