A Índia cortou o financiamento estrangeiro às Missionárias da Caridade, uma instituição de solidariedade social fundada pela Madre Teresa. A medida é vista como uma evidência do assédio crescente aos cristãos sob o actual governo nacionalista hindu.
As Missionárias da Caridade foram fundadas em 1950 pela Madre Teresa, uma freira católica que dedicou a sua vida a ajudar os pobres da cidade indiana de Calcutá, ganhou o Prémio Nobel da Paz e foi canonizada.
A organização tem abrigos para sem-abrigo em toda Índia e, de acordo com o jornal Hindu, recebeu cerca de 750 milhões de dólares provenientes do exterior no ano fiscal de 2020-21.
O Ministério do Interior indiano disse que, em 25 de Dezembro foi “negada” a renovação da licença da organização para receber financiamento estrangeiro.
Num comunicado divulgado na segunda-feira (27), o ministério explicou que “não reúne as condições de elegibilidade” no âmbito da lei que regulamenta as contribuições estrangeiras, após “constatar contribuições adversas”, sem dar mais detalhes.
O vigário-geral da Arquidiocese de Calcutá, Domingos Gomes, classificou o anúncio como “um cruel presente de Natal para os mais pobres”.
Numa nota, a organização disse que instruiu os seus centros a não usarem contas bancárias em moeda estrangeira “até que o assunto se resolva”.
Há duas semanas, a polícia do estado de Gujarat, base eleitoral do primeiro-ministro Narendra Modi, começou a investigar a entidade pela suposta “conversão forçada” de hindus ao cristianismo.
Activistas dos direitos humanos sustentam que as minorias religiosas da Índia enfrentam níveis crescentes de discriminação e de violência desde que o partido nacionalista hindu Bharatiya Janata, de Modi, chegou ao poder, em 2014.
Em 2020, a Comissão Internacional de Liberdade Religiosa dos Estados Unidos identificou a Índia como um “país de particular preocupação” pela primeira vez desde 2004. O governo Modi nega ter uma agenda de hegemonia hindu e insiste em que pessoas de todas as religiões têm os mesmos direitos.
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