Estados Unidos cancelam construção de muro com o México

O Governo dos Estados Unidos da América anunciou na sexta-feira o cancelamento de todos os projectos para a construção de um muro na fronteira com o México. Washington quer ajudar a resolver os problemas causados às comunidades afectadas pela obra emblemática promovida pelo  antigo presidente norte-americano Donald Trump.

O porta-voz adjunto do Pentágono, Jamal Brown, lembrou, através de um comunicado, que o orçamento destinado ao muro foi desviado de fundos do Departamento de Defesa “originalmente destinados a outras missões e funções militares” que incluíam escolas e obras no exterior.

Para tentar conter a imigração ilegal, o governo Trump (2017-2021) gastou 15.000 milhões de dólares para erguer o muro ao longo de 727 quilómetros de fronteira, que no total tem 3.145 quilómetros.

Além disso, o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês) anunciou esta sexta-feira uma série de obras para prevenir inundações na região do vale do Rio Grande, no estado do Texas, e para reverter processos de erosão em San Diego, na Califórnia.

O trabalho será feito “enquanto o DHS avalia os extensos danos causados pela construção do muro”, informou a entidade em comunicado.

No caso do vale do Rio Grande, o DHS disse que as obras do muro, que foram paralisadas no primeiro dia do mandato do presidente Joe Biden, deixaram “grandes buracos” na barreira que protegia as regiões mais baixas do condado de Hidalgo de inundações.

Já em San Diego foi detectada uma “erosão perigosa” causada pela “compactação inadequada do solo e pelos materiais de construção” utilizados.

Um dos decretos que Biden assinou no dia 20 de Janeiro, o seu primeiro dia na Casa Branca, determinou o fim do estado de emergência nacional declarado por Trump para desviar fundos para a construção do muro. No entanto, o presidente não planeia derrubar o já erguido pelo seu antecessor.

Na quarta-feira passada, o congressista texano Vicente González enviou uma carta a Biden na qual pedia uma reunião para falar “urgentemente” sobre a continuação de processos de expropriação de terras para a construção do muro, apesar de as obras estarem suspensas.