O relator especial da ONU para o Myanmar emitiu na terça-feira um alerta severo sobre o potencial para uma escalada de violência no país, à medida que os protestos continuavam após o golpe militar de 1 de Fevereiro.
O Myanmar ficou praticamente isolado do mundo pela terceira noite consecutiva, depois de os generais que destituíram e prenderam a líder civil Aung San Suu Kyi no início do mês terem bloqueado o acesso à Internet.
Com a expectativa de que os manifestantes anti-golpe se reúnam novamente na quarta-feira nas principais cidades, como já vinham fazendo há dias, o enviado da ONU, Tom Andrews, emitiu o alerta:”Temo que quarta-feira haja potencial para violência numa escala maior no Myanmar do que vimos desde a tomada ilegal do governo em a 1 de Fevereiro”, afirmou Andrews.
Andrews informou, num comunicado que com os manifestantes sa acumularem-se na capital económica Rangum, ele “recebeu indicações de que havia soldados a ser transportados de regiões remotas para Rangum”:
“No passado, esse tipo de movimentação de tropas antecediam assassinatos, desaparecimentos e prisões em grande escala”, sublinhou..
“Estou com medo de que, dada a confluência desses dois acontecimentos – protestos em massa planeados e tropas a movimentarem-se – possamos estar no princípio de um processo em que os militares se preparam para cometer crimes ainda maiores contra o povo do Myanmar”.
Andrews afirmou também ter “notícias de que um julgamento secreto” de Suu Kyi e do presidente deposto Win Myint começou esta semana.
O advogado de Suu Kyi, Khin Maung Zaw, anunciou na terça-feira que uma segunda acusação foi apresentada contra a sua cliente. Khin disse que a Prémio Nobel da Paz e Win Myint devem comparecer por videoconferência a um julgamento a 1 de Março.
Andrews pediu à comunidade internacional para pressionar os generais e “convencer a junta de que as manifestações planeados para esta quarta-feira devem prosseguir sem prisões ou violência”: “A repressão contínua das liberdades básicas e dos direitos humanos do povo do Myanmar deve terminar imediatamente”, acrescentou.
Andrews também pediu às empresas estrangeiras que cortem os laços com o Myanmar se os generais “continuarem por este caminho violento”.
Os militares justificaram a sua tomada de poder alegando fraude eleitoral generalizada nas eleições de Novembro, ganhas pelo partido de Suu Kyi.
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