Aprovação da Lei da Eutanásia em plena pandemia

Na sexta-feira foi aprovada na Assembleia da República a Lei da Eutanásia. A partir do momento em que este mesmo diploma entrar em vigor , qualquer cidadão com mais de 18 anos pode requerer a eutanásia numa situação crítica provocada por doença.

Jorge Sales Marques/Pediatra

Cento e trinta e seis deputados , da área política do Partido Socialista, Bloco de Esquerda , Partido Animais e Natureza , Iniciativa Liberal e alguns deputados do Partido Social Democrata decidiram o eventual destino de dez milhões de portugueses . 

Este número está abaixo dos dois terços do número total de deputados. Caso  o Presidente de República promulgue o diploma, a lei entrará de imediato em vigor.

Num tema  tão polémico e sensível à sociedade (até o próprio Partido Comunista Português se absteve) , o bom senso teria sido promover um referendo nacional. 

É pena que os partidos que votaram a favor da eutanásia, não manifestem interesse em aprovar com tanta rapidez planos de acção eficazes para salvar os idosos que morreram e continuam a morrer nos lares e a melhor forma de evitar tantos casos e tantas mortes diárias causados pela pandemia.

Numa altura em que o país está focado em reduzir o número de casos e mortes por Covid-19, ao colocarem na agenda política este tema, manifestaram muito mau gosto.

Não podemos esquecer que estão muitos doentes internados  nos hospitais em estado grave. A aprovação da lei , do ponto de vista humano e psicológico , é no mínimo imoral . 

A decisão tomada na sexta-feira é mais uma prova que o país está sem rumo e os critérios de escolhas são na sua maioria discutíveis: basta ter em conta a desordem nas prioridades da vacinação contra a Covid-19.

Pior no mundo em casos e mortes por Covid.-19 por cada milhão de habitantes. Depois da aprovação da Lei da Eutanásia somos  o quarto país de Europa a fazê- lo e o sétimo no mundo. Estes resultados são algo de que nos podemos orgulhar? 

Certamente que não. Na primeira situação, foi por má planificação e gestão do problema. No segundo caso, por ausência de um referendo , mostrando não só falta de respeito pelos outros, mas também a ausência total de sensibilidade e autocrítica. Se tivessem tido um pouco de respeito pelo momento que estamos a viver não teriam escolhido pronunciar-se agora sobre este tema polémico – e que divide por completo a sociedade  – para que fosse discutido e aprovado na Assembleia .