A dexametasona, um esteróide barato e amplamente utilizado, é o primeiro fármaco que se provou conseguir salvar a vida a pacientes com Covid-19, no que é visto por cientistas e investigados como um “grande avanço” no combate à doença respiratória provocada pelo novo coronavírus.
Os resultados de um estudo divulgado esta terça-feira mostraram que a dexametasona – que é usada para diminuir inflamações relacionadas com outras doenças – reduziu a taxa de mortalidade em cerca de um terço entre pacientes de Covid-19 que se encontravam hospitalizados em estado grave.
Os resultados levam a crer que o fármaco se pode vir a tornar em termos imediatos como uma resposta eficaz no âmbito do tratamento de pacientes com casos graves da doença, disseram os investigadores responsáveis por testar a eficácia do fármaco: “Este resultado mostra que, se pacientes que têm Covid-19 e estão ligados a ventiladores ou a oxigénio forem tratados com dexametasona, vidas serão salvas e serão salvas a um preço notoriamente baixo”, defendeu Martin Landray, professor da Universidade de Oxford e um dos responsáveis pelo estudo. “Não será fácil que qualquer outro fármaco possa vir a substituir este, dado que, por menos de 50 libras esterlinas é possível tratar oito pacientes e, eventualmente, salvar-lhes a vida”, defendeu Landray numa entrevista concedida através de videoconferência.
Peter Horby, parceiro de Landray no âmbito da investigação, considera que a dexametasona é “o único remédio que até agora reduziu a mortalidade — e a reduziu significativamente: “É um grande avanço”, afirmou. “A dexametasona não é cara e pode ser usada em termos imediatos para salvar vidas por todo o mundo”.
Actualmente, não existem tratamentos ou vacinas eficazes contra a Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. A patologia já matou mais de 431 mil pessoas por todo o mundo.
O estudo, denominado de “Recovery” comparou as reacções de cerca de 2.100 pacientes que foram designados de forma aleatória para receber o esteróide com cerca de 4.300 outros pacientes que não o receberam.
Os resultados dão a entender que uma em cada oito mortos poderia ter sido evitada com um tratamento de dexametasona, adianta Landray. O fármaco poderia ajudar a evitar uma morta em cada 25 pacientes de Covid-19 que receberam o remédio e estão dependentes de oxigênio.
Entre os pacientes de Covid-19 que não precisavam de auxílio respiratório, não houve benefício notórios registados com o tratamento de dexametasona.
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