Tiananmen. Filhas de Au Kam San detidas por homenagem simbólica no Largo de São Domingos

Duas jovens, identificadas pela imprensa chinesa como sendo filhas do deputado Au Kam San, um dos organizadores da vigília do 4 de Junho, foram esta noite detidas no Largo de São Domingos, por alegadamente violarem as leis que regem o direito de reunião e de manifestação. Por volta da meia noite, o Corpo de Polícia de Segurança Pública divulgou uma nota em que confirma as detenções, acusando as duas mulheres de desrespeitarem a proibição de reuniões públicas instaurada para combater a pandemia.

A detenção das duas jovens ocorreu depois das forças de segurança terem procedido a uma primeira detenção, depois de um de seis jovens a quem a Polícia exigiu documentação não ter conduzido produzir identificação.

Apesar da vigília ter sido proibida, as autoridades deslocaram para o Largo do Senado um grande número de agentes. O contingente policial exigiu a todos quantos se encontravam na mais emblemática praça do território que dispersassem, mas uma jovem desafiou a ordem e fez questão de prestar, por breves momentos, homenagem às vítimas do massacre de 4 de Junho de 1989, na Praça da Paz Celestial.

As duas outras detenções registaram-se por volta das 22:45 minutos, já depois de um pequeno grupo que se concentrou no Largo do Senado ter dispersado. As duas mulheres sentaram-se nas escadas da Igreja de São Domingos com uma fotografia dos tanques do Exército Popular de Libertação na Avenida Chang’an  entre elas, tendo acendido duas velas electrónicas em memória das vítimas de Tiananmen.  A homenagem não se prolongou por muito tempo. De acordo com imprensa em língua chinesa, as duas jovens foram rodeadas por mais de duas dezenas de agentes da Polícia de Segurança Pública, que impediram que os jornalistas se aproximassem do local.

Os agentes confrontaram as duas mulheres, que contestaram a ideia de que estariam a violar a proibição imposta pelas autoridades, até porque a homenagem, sustentou uma das jovens, foi conduzida por apenas duas pessoas, equipadas com máscara de protecção e tendo em conta a distância social recomendada pelas autoridades do território. As duas mulheres acabaram, ainda assim, por ser conduzidas para um veículo da Polícia e transportadas à esquadra.

Antes de se dirigirem ao Largo de São Domingos, as duas jovens estiveram presentes na vigília que se realizou na sede da União de Macau para o Desenvolvimento da Democracia, depois das as autoridades terem proibido a vigília, numa decisão sem precedentes na RAEM.

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