Cerca de uma dezena de pessoas – entre as quais as filhas do deputado Au Kam San, que viriam a ser detidas posteriormente no Largo de São Domingos – assinalaram ao início da noite de quinta-feira o 31o aniversário do massacre de Tiananmen na sede da União de Macau para o Desenvolvimento da Democracia, depois da Polícia de Segurança Pública ter proibido que a vigília se realizasse no Largo do Senado. A iniciativa foi transmitida em directo através da plataforma Telegram.
“Espero que este tenha sido o único ano que tivemos de fazer isto e que para o ano possamos fazer a vigília na rua”, disse Luis Leong, um dos cerca de 10 participantes do evento em declarações à agência Lusa.
A vigília simbólica foi organizada num apartamento pertencente ao deputado Ng Kuok Cheong, que serve de sede à União de Macau para o Desenvolvimento da Democracia, a entidade que ao longo dos últimos trinta anos foi responsável por dinamizar a homenagem às vítimas do massacre que a 4 de Junho de 1989 teve como palco a Praça da Paz Celestial.
Na quarta-feira, as autoridades avisaram que não tencionavam tolerar actividades que violassem a proibição de reuniões públicas decretada sob o pretexto de impedir a propagação do novo coronavírus. Macau já não regista nenhum novo caso pelo novo coronavírus há mais de cinquenta dias. O aviso foi suficiente para manter o Largo do Senado vazio, ainda que o Corpo de Polícia de Segurança Pública tenha deslocado para o local dezenas de agentes trajados e à paisana.
Na sede da União de Macau para o Desenvolvimento da Democracia, e de acordo com a Agência Lusa, pouco depois das 20:00 os presentes fizeram um minuto de silêncio pelas vítimas do massacre de 4 de Junho de 1989. Os participantes, escreve a agência noticiosa portuguesa, sentaram-se, de seguida, com velas de plástico à frente de cada um, para ouvirem os discursos, cantarem músicas relativas ao movimento democrático de 1989 e verem imagens de vídeo alusivas aos acontecimentos que conduziram à repressão de milhares de estudantes na Praça da Paz Celestial.
Há entrada, um cartaz fazia uma alusão irónica à expressão utilizada pelas autoridades para a prevenção à covid-19. “Vamos todos persistir”, mas que a associação utilizou-a para outra função: “Vamos todos persistir (…) investiguem a responsabilidade do massacre”.
Luis Leong disse que, se nada for feito, “pode ser o início de uma ditadura”. O activista contrulou-se, ainda assim, com o número significativo de pessoas que seguiram o evento através de diversas plataformas virtuais.
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