Um forte dispositivo policial na vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong impediu na quarta-feira que activistas pró-democracia protestassem contra o projecto de lei da segurança nacional, esta tarde aprovado em Pequim. O diploma pune com até três anos de prisão qualquer ofensa ao hino nacional chinês.
A polícia cercou o edifício do Conselho Legislativo com barreiras e realizou operações generalizadas no sentido de impedir grandes ajuntamentos .
As forças de segurança dispersaram uma centena de activistas no centro da cidade e anunciaram a detenção de mais de três centenas de pessoas, a maioria adolescentes, de acordo com imagens divulgadas pelos canais de televisão de Hong Kong.
Várias centenas de manifestantes reuniram-se brevemente durante o horário de almoço na zona de Causeway Bay e de Central, antes de serem dispersados pela polícia com recurso a gás-pimenta: “É como se, de facto, houvesse um toque de recolher”, disse à AFP Nathan Law, fundador do Partido Demosisto e um dos rostos mais conhecidos do movimento pró-democrático. “O governo têm de perceber por que razão as pessoas estão insatisfeitas”.
A polícia sustenta que respeita “o direito dos residentes de expressar a sua opinião de forma pacifica, mas considera que tal tem que ser feito legalmente”. A polícia da antiga colónia britânica considera que a multidão bloqueou algumas das artérias do centro de Hong Kong.
As concentrações públicas de mais de oito pessoas estão proibidas pelas medidas decretadas contra o coronavírus, embora a cidade tenha o surto há muito sob controlo.
Pedidos para efectuar protestos têm sido rejeitados ao longo dos últimos meses pelas autoridades, que justificam a decisão tanto com a pandemia, como com os distúrbios do ano passado.
Projeto controverso
Ao abrigo do princípio “Um país, Dois sistemas”, Hong Kong devia poder usufruir até 2047, de certos direitos inexistentes na República Popular da China, em particular, a liberdade de expressão e um sistema judiciário independente.
O mecanismo constitucional contribuiu para transformar a antiga colónia britânica um importante centro financeiro internacional, oferecendo à República Popular da China uma porta para o mundo
Mas, nos últimos anos, as manifestações foram frequentes e as autoridades chinesas estão determinadas a reprimi-las.
Durante os protestos de 2019, o edifício do Conselho Legislativo de Hong Kong foi bloqueado e depois destruído por manifestantes, quando as autoridades tentavam acelerar um projeto de lei que permitia extradições para a República Popular da China.
O governo pró-Pequim do território vizinho prometeu aprovar a lei que pune o desrespeito pelo hino nacional o mais rápidamente possível, em resposta a assobios de protesto durante um encontro que opôs as selecções da China e de Hong Kong.
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