Mercado bolsista. Pequim abre as portas aos investidores britânicos

As empresas cotadas no Reino Unido podem, desde segunda-feira, obter fundos no mercado chinês e as chinesas no mercado britânico. A hipótese constitui uma novidade para grupos estrangeiros e uma boa notícia para Londres no contexto do Brexit.

Londres e Pequim deram ontem o pontapé de saída no chamado London-Shanghai Stock Connect, uma plataforma financeira baptizada com o nome das principais praças financeiras de cada um dos países. O lançamento foi feito no âmbito de negociações bilaterais que decorreram na capital britânica e celebra o diálogo “económico e financeiro entre o Reino Unido e a China”.

O ministro britânico das Finanças, Philip Hammond, recebeu na segunda-feira o vice-primeiro ministro chinês, Hu Chunhua, para discutir questões económicas, cooperação financeira e comércio, informou o Executivo britânico em comunicado.

O encontro foi o décimo do género entre os dois países desde 2008. Ao longo dos últimos onze anos, o comércio de bens e serviços mais do que duplicou, alcançando 69 mil milhões de libras.

A principal novidade da reunião foi mesmo  o início do programa London-Shanghai Stock Connect, resultante de quatro anos de trabalho e de negociações. A nova plataforma permite que grupos chineses levantem fundos no mercado de Londres e empresas britânicas possam atrair investidores na República Popular da China.

Com o acordo, os dois centros financeiros poderão aumentar significativamente o seu âmbito de actuação e alcançar muito mais investidores.

De acordo com o Ministério das Finanças britânico, esta é a primeira vez que as empresas estrangeiras poderão competir abertamente no mercado da China continental.

Do lado chinês, o corretor Huatai Securities é o primeiro grupo a lançar-se no Reino Unido, graças ao novo programa. A empresa deu os primeiros passos no mercado de acções em Londres na segunda-feira, após uma capitalização de 1,5 mil milhões de dólares.

No total, 260 empresas chinesas são consideradas elegíveis caso se queiram associar à plataforma: “Londres é um centro financeiro como nenhum outro, e o anúncio de hoje é um forte voto de confiança no mercado britânico”, disse Hammond.

Para Catherine McGuinness, responsáveis pela planificação da City de Londres, o acordo “muda as regras do jogo” e constitui “uma boa notícia para o Reino Unido, para a China e para a economia global”.

Para os investidores britânicos, é um sopro de ar fresco, dada a incerteza em relação ao Brexit, agora previsto para o final de Outubro. A saída de Londres da União Europeia comprometeu a atractividade do Reino Unido e deixou o sector financeiro num impasse.

A décima reunião sino-britânica ocorre, porém, num contexto tenso, quando a participação nas redes 5G da gigante chinesa de telecomunicações Huawei atrai críticas, com os Estados Unidos a acusar a empresa de espionagem.

Londres deve dizer em breve se permitirá que a Huawei seja parte activa na implantação da tecnologia 5G no país. Várias operadoras já optaram por não oferecer telefones da marca chinesa para 5G.

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