Futebol. Nicholas Torrão escreve carta aberta à FIFA e à AFC

Fotografia: Jornal Tribuna de Macau

O capitão da selecção de futebol de Macau, Nicholas Torrão, enviou esta quarta-feira uma carta aberta à Federação Internacional das Associações de Futebol (FIFA) e à Confederação Asiática de Futebol (AFC) em que pede a ambos os organismos que o desafio contra o Sri Lanka – a contar para a segunda mão da pré-eliminatória de qualificação para a fase de apuramento para o Mundial 2022 – seja reagendado.

A partida estava inicialmente prevista para esta terça-feira, em Colombo, mas acabou por ser cancelada, depois da Associação de Futebol de Macau ter alegado razões de segurança para não viajar para a capital do antigo Ceilão. Colombo e duas outras cidades do Sri Lanka – Negombo e Batticaloa – foram a 21 de Abril palco de uma série de atentados terroristas, direccionados contra igrejas e unidades hoteleiras. As investidas, reivindicadas por um grupo fundamentalista local e pelo Estado Islâmico, custaram a vida a mais de duas centenas e meia de pessoas.

Na missiva que endereçou à direcção da FIFA e da AFC, Nicholas Torrão sustenta que a decisão tomada pela Associação de Futebol de Macau deixou os jogadores da selecção do Lótus “devastados”: “O futebol é feito de regras e de regulamentos, um aspecto que compreendemos, mas acima de tudo, o futebol é feito por quem o joga. E os atletas da selecção de Macau querem, mais do que qualquer outra coisa, entrar em campo e disputar a segunda mão contra o Sri Lanka para poder ter uma oportunidade de discutir a eliminatória. Tendo ganho a primeira mão, partiríamos com uma pequena vantagem”, escreve o capitão da selecção.

Torrão evoca, na carta aberta, a evolução que o futebol da RAEM tem conhecido ao longo dos últimos anos. O dianteiro da Casa do Sport Lisboa e Benfica de Macau lembra que o onze da RAEM foi o finalista vencido da edição inaugural da Taça da Solidariedade, disputada na Malásia em 2016. O jogador recorda ainda que, em 2018, Macau esteve representado pela primeira vez na fase de grupos da Taça AFC, com o Benfica a encantar o continente asiático ao conseguir quatro triunfos em seis possíveis.

A carta que Nicholas Torrão dirigiu esta quarta-feira à FIFA e à AFC.

O sucesso alcançado tanto pela selecção, como pelo Benfica de Macau fora de portas provam, no entender de Nicholas Torrão,             que “os jogadores têm vindo a trabalhar arduamente” e “querem ser integrados no grupo de nações asiáticas que contribuem para o desenvolvimento do futebol”: “Pedimos à FIFA e à AFC que permitam que os jogadores da selecção de Macau possam lutar pela qualificação no campo, com o reagendamento do encontro”.

Na carta que enviou aos dois organismos  – e que publicou no seu perfil da rede social Facebook – o capitão do onze do Lótus deixa um repto final: “O futebol é demasiado grande e demasiado belo para se jogar na secretaria. O campo é onde deve ser jogado, entre os seus mais valiosos activos: os jogadores”, remata Torrão.

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