Lei da extradição impulsiona maior protesto de sempre em Hong Kong

Centenas de milhares de pessoas saíram este domingo à rua em Hong Kong em protesto contra o plano do Governo de ver aprovada legislação que permite extradições para a República Popular da China. O protesto terá sido o maior alguma vez organizado desde o regresso de Hong Kong à soberania chinesa.

O parque Vitória foi o local onde o protesto teve início e, segundo relata a agência noticiosa Efe, esteve lotado durante várias horas. De acordo com os meios de comunicação social da vizinha RAEHK ainda estariam a sair manifestantes do Victoria Park rumo ao exterior do LegCo quatro horas depois do protesto ter tido início.

O branco foi a cor predominante e a escolhida para a manifestação, mas entre a multidão eram visíveis inúmeros guarda-chuvas amarelos, símbolo das manifestações em favor da democracia em 2014.

O plano do executivo chinês também foi criticado pelo último governador de Hong Kong, o britânico Chris Patten, que disse na semana passada que se trata de um “terrível revés” para a reputação do território vizinho.

O Governo de Hong Kong apresentou ao Conselho Legislativo uma proposta de lei que autoriza a extradição de condenados em fuga para vários países e território, incluindo a República Popular da China, jurisdição com a qual não tem actualmente qualquer acordo de extradição.

As alterações à lei da extradição – que muitos críticos afirmam colocar a população à mercê de um sistema judicial chinês opaco e politizado – motivou, em Abril, a maior manifestação em Hong Kong desde o “Movimento dos Guarda-chuvas”, em 2014.

O protesto foi liderado por organizações de defesa dos direitos humanos, como a Amnistia Internacional e a Human Rights Watch, e reuniu meio milhar de pessoas. A manifestação de hoje foi amplamente superior. A polícia estima que 153 mil pessoas se tenham concentrado no Parque Vitória ao início da tarde, mas foram milhares os que se foram associando ao protesto ao longo do percurso. Um dos organizadores da iniciativa diz que a manifestação reunião mais manifestantes do que os protestos de 2003 contra a discussão do artigo 23. Na altura, cerca de meio milhão de pessoas terá saído à rua para exigir o recuo do Governo.

“Esta proposta inflige um terrível golpe no Estado de Direito, na estabilidade e segurança de Hong Kong e no seu estatuto de importante centro de comércio internacional”, disse Pattern, governador de Hong Kong até 1997, quando a administração transitou para a República Popular da China.

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