Criminalidade. Angela Merkel desmente Donald Trump

Angela Merkel desmentiu as alegações feitas por Donald Trump no Twitter. O presidente norte-americano assegurava que a criminalidade na Alemanha tinha aumentado, mas a chanceler alemã socorreu-se das últimas estatísticas para negar Trump. A chefe do Governo de Berlim esteve ontem reunida com Emmanuel Macron para discutir a reforma da zona Euro, a política migratória e o Brexit.

A chanceler alemã, Angela Merkel, negou esta terça-feira as alegações feitas pelo presidente norte-americano no Twitter de que a criminalidade na Alemanha aumentou de forma substancial desde que o país abriu as portas a milhares de refugiados.

Donald Trump alega que os alemães se estão a voltar contra o Governo liderado por Merkel devido à forma como o Executivo alemão tem vindo a gerir a questão migratória. A chanceler alemã negou as alegações feitas pelo presidente norte-americano e foi buscar os últimos números relativos à criminalidade na Alemanha para desmentir Trump:  “A minha resposta é a de que o Ministro do Interior apresentou há pouco tempo as estatísticas relativas à criminalidade e os números falam por eles mesmos. Estamos a ver desenvolvimentos ligeiramente positivos. Temos que fazer sempre melhor para combater o crime. Mas os últimos  números são muito encorajadores no que toca ao combate e ao objectivo de reduzir ainda mais a criminalidade”, assegurou Angela Merkel.

Quem não gostou da intromissão grossseira de Trump nos assuntos internos da Alemanha foi Jean-Claude Juncker. O presidente da Comissão Europeia acusa Trump de ingerência e lembra que o presidente norte-americano até pode governar nos Estados Unidos, mas não manda na Europa: “O presidente norte-americano é sempre conflituoso quando alguém ousa criticar a política americana. Mas esta ingerência massiva na política doméstica da Alemanha, sinto que temos de a condenar fortemente. As funções do presidente dos Estados Unidos não passam por especular – e foi isso que ele fez ontem – que a população alemã vai marchar sobre a sede do Governo para substituir a Sra. Merkel. A Sra. Merkel não vai ser substituída pelo Sr. Trump. Se for substituída, e isso é algo que não é desejável, mas por eleitores alemães. Não será pelo Sr. Trump. O Sr. Trump governa nos Estados Unidos. Não governa na Europa”, lembrou Juncker.

Angela Merkel esteve na terça-feira reunida com Emmanuel Macron em Meseberg, a norte de Berlim. O encontro serviu para conciliar posições tendo em vista a cimeira europeia da próxima semana, que deve ser dominada pela reforma da zona euro, pela política migratória e ainda pelo Brexit.

Merkel e Macron defenderam uma reforma da zona euro que passe pela criação de um orçamento comum e pela reconversão do fundo de resgate numa versão europeia do Fundo Monetário Internacional: “É um dos grandes tópicos em termos de economia e da união monetária. É claro que a cooperação entre nós era o aspecto mais complicado, mas acredito que encontramos uma boa solução. Vamos fazer campanha por uma orçamento para a zona euro que deverá entrar em vigor na altura em que avaliarmos as perspectivas financeiras a médio prazo. Trata-se de reformar o Mecanismo de Estabilidade Europeu tendo por propósito a criação de um Fundo Monetário Europeu, que deverá dotar a União Europeia de um novo instrumento adicional de estabilização a curto-termo destinado a resolver os problemas de liquidez dos estados membros”, explicou a chanceler alemão.

O orçamento poderá concretizar-se já a partir de 2021, explicou Emmanuel Macron. O orçamento para o Euro será paralelo ao quadro financeiro plurianual da União Europeia e terá por objectivo fomentar uma maior convergência entre os países.

Quanto ao Mecanismo Europeu de Estabilidade deverá servir para dotar a zona euro de um “instrumento extra” para melhorar a estabilidade interna da União e enfrentar problemas de liquidez. O mecanismo deverá evoluir na direcção do Fundo Monetário Internacional, explicou Emmanuel Macron.

 

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