Professora universitária despedida por questionar Xi numa aula

Uma professora foi despedida de uma universidade chinesa após ser denunciada pelos seus próprios alunos de ter questionado a recente reforma constitucional que permite ao presidente do país, Xi Jinping, manter-se no poder além de 2023, informou hoje a Rádio Free Asia (RFA).

Zhai Juhong, professora associada na faculdade de Economia e Direito da Universidade de Zhongnan, no centro do país, foi acusada de ter feito comentários ideologicamente “incorretos” durante uma aula no passado 25 de abril.

Aparentemente, Zhai falou sobre as recentes mudanças da Constituição que permitem a Xi permanecer no cargo indefinidamente, os direitos de propriedade para as companhias estatais e a Assembleia Popular Nacional (ANP), o principal órgão legislativo chinês.

Após as queixas dos alunos, o Comité do Partido Comunista da Universidade considerou que a professora tinha violado as normas de conduta emitidas pelo Ministério da Educação, pelo que decidiu separá-la do seu posto como investigadora e docente e expulsá-la do Partido Comunista chinês.

A RFA, que citou um relatório interno sobre a investigação por estas “infrações de disciplina na sala de aula”, tentou contactar com a professora sem sucesso.

Vários académicos coincidiram em assinalar à emissora que, sob a presidência de Xi, tem-se estendido o controlo sobre as universidades de uma maneira “que não se via há décadas”.

“O Governo central quer agora uma ideologia na sala de aula, e exige que os professores adiram à linha do partido nas suas classes”, afirmou um ex-professor que foi expulso de uma universidade de Guizhou.

Segundo contou, em cada classe costuma haver vários estudantes que “informam” do trabalho dos docentes às autoridades, e há inclusivamente câmaras instaladas em algumas salas de aula.

Por exemplo, na semana passada conheceu-se que uma escola do leste do país instalou câmaras de reconhecimento facial nas salas de aula -descritas como “assistentes do professor”- para garantir que os alunos ouvem o professor e estão concentrados.

Devido à campanha do Governo por reforçar o seu controlo sobre o setor académico, as autoridades chinesas costumam realizar rondas de inspeções ideológicas nas universidades para assegurar que seguem a linha marcada pelo partido.

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