Costa Nunes: Número de vítimas poderá ser superior

Os episódios de alegado abuso sexual que ocorreram nas instalações do D. José da Costa Nunes poderão ser o dobro dos que estão a ser investigados pela PJ, a julgar pelas declarações feitas no âmbito do programa Fórum Macau por um homem que alegou ser pai de uma das supostas vítimas. A DSEJ exigiu ao infantário de matriz portuguesa um relatório detalhado sobre a ocorrência.

O número de alunas que terão sido molestadas por um funcionário do Jardim de Infância D. José da Costa Nunes poderá ser superior aos três casos que se encontram a ser investigados pelas autoridades do território. Às três ocorrências já reportadas à Polícia Judiciária juntar-se-ão três outros alegados casos de abuso, de acordo com as declarações prestadas pelo suposto pai de uma das alegadas vítimas no âmbito do programa “Fórum Macau”. A antena aberta da emissora em língua chinesa da Rádio Macau discutiu na manhã desta sexta-feira as implicações e consequências do alegado caso de pedofilia que ensombra o infantário de matriz portuguesa e um dos participantes no programa, que se identificou como sendo um dos pais que apresentaram queixa junto da Polícia Judiciária, garantiu que o número de vítimas é superior e que o funcionário em questão – esta tarde constituído arguido – terá tocado de forma inapropriada nos órgãos genitais das vítima e pedido às meninas que lhe tocassem nas partes privadas.

O alegado encarregado de educação sustenta que os pais das outras crianças não denunciaram os supostos abusos por temerem que a investigação criminal das queixas pudesse ter um impacto negativo sobre as meninas, de apenas três anos: “Espero que a Polícia Judiciária e as outras autoridades policiais possam prestar uma maior atenção a esta questão. Para além da minha família e da outra família, de facto há quatro outras crianças que se queixaram do comportamento do suspeito”, sublinhou. O homem participou no programa ao início da manhã, antes ainda da polícia de investigação do território ter revelado que recebeu uma terceira queixa relativa a alegados abusos de natureza sexual perpetrados pelo suspeito, noticiou o TDM News, o serviço noticioso em língua inglesa do Canal Macau.

Um outro interveniente no programa de antena aberta da Ou Mun Tin Si Toi mostrou-se angustiado com a forma como a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) está a gerir o caso. O homem identificou-se como pai de uma criança que integra a turma do primeiro ano do ensino pré-primário que está no centro dos alegados casos de abuso: “Depois do que aconteceu, estamos preocupados com a possibilidade das nossas crianças também poderem ter sido vítimas. No entanto, a escola não nos informou sobre a situação em que se encontra o suspeito, nem nos explicou em que passo está a investigação. A Direcção dos Serviços de Educação e Juventude não providenciou também nenhum tipo de aconselhamento e tampouco colocou um psicólogo à nossa disposição”, apontou o homem, que se identificou como Leong.

Na resposta, a vice-directora da DSEJ, Leong Vai Kei, garantiu que o organismo está a acompanhar de perto o desenvolvimento das averiguações. Os Serviços de Educação e Juventude estiveram reunidos com a direcção e a psicóloga do infantário de matriz portuguesa e exigiram que o estabelecimento de ensino entregue um relatório detalhado sobre as ocorrências: “Tudo o que sabemos é que o funcionário era responsável por tarefas de limpeza. No entanto, a escola também lhe terá pedido algumas vezes que tomasse conta das crianças. Ele distribuia refeições e dava o lanche aos alunos. O relatório que a escola terá que nos entregar deve ser detalhado ao ponto de explicar as ocorrências. Terá que detalhar ao certo que funções específicas desempenhava o funcionário, as medidas que a escola adoptou e os trabalhos de prevenção que tenciona conduzir no futuro”, especificou Leong Vai Kei.

A vice-directora da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude aconselha os pais a não confrontarem directamente os filhos com questões de natureza sexual, sob o risco de intimidarem ou traumatizarem as crianças. A abordagem deve ser cuidadosa e indirecta, sublinha a responsável.

Esta sexta-feira, a direcção do Jardim de Infância D. José da Costa Nunes esteve reunida com os pais das crianças que frequentam a instituição para discutir os contornos do caso e a resposta a dar. A reunião prolongou-se por mais de quatro horas, tendo terminado por volta das 22h30.

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