Um tribunal do Myanmar condenou a 10 anos de prisão um cineasta e documentarista japonês pela acusação de estimular a dissidência contra a junta militar e violar a lei de comunicações electrónicas em vigor no país.
Toru Kubota foi condenado na quarta-feira por um tribunal montado na penitenciária de Insein, em Rangum, afirmou um diplomata da embaixada do Japão no Myanmar. O julgamento contra o cineasta por violar a lei migratória “ainda prossegue”, acrescentou a mesma fonte diplomática.
Kubota, de 26 anos, foi detido perto de um protesto contra o governo em Julho em Rangum, quando se encontrava na companhia de dois birmaneses.
Inicialmente foi acusado com base numa lei que criminaliza o estímulo da dissidência contra as Forças Armadas e por crimes migratórios.
A acusação de dissidência prevê uma pena máxima de três anos de prisão e tem por base uma lei utilizada na repressão contra os opositores ao golpe de Estado de 2021.
A próxima audiência sobre a acusação de imigração deverá decorrer na próxima quarta-feira, informou o diplomata.
Kubota chegou em Julho ao país e filmava um “documentário em conjunto com uma pessoa do Myanmar”, afirmou o seu amigo Yoshitaka Nitta em Agosto.
De acordo com um perfil no site FilmFreeway, Kubota já filmou documentários sobre a minoria muçulmana rohingya do Myanmar, refugiados e grupos étnicos no país. Após o golpe de Estado, o Japão suspendeu novas remessas de ajuda ao Myanmar, mas não adoptou sanções contra os líderes militares do país.
A detenção de Kubota é “uma chapada na face” para o Japão, afirmou Phil Robertson, da Human Rights Watch: “O Japão deve parar de brincar e apoiar as sanções internacionais reais que sufoquem as fontes de receita da junta”, acrescentou.
A junta militar birmanesa reprimiu a liberdade de imprensa, com a detenção de repórteres e fotógrafos, além da revogação de licenças de transmissão.
Kubota é o quinto jornalista estrangeiro detido no Myanmar, depois dos americanos Nathan Maung e Danny Fenster, do polaco Robert Bociaga e de um outro jornalista japonês. Todos foram posteriormente libertados e deportados.
Desde o golpe de Estado de 2021, as forças de segurança mataram mais de 2.200 civis e prenderam mais de 15.000 pessoas, de acordo com uma ONG local.
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