Um quadro do pintor francês de origem russa Marc Chagall, que está entre as 15 obras que foram roubadas pelos nazis e posteriormente restituídas pela França aos herdeiros das famílias às quais foram retirados, vai ser leiloado a 15 de Novembro em Nova Iorque, anunciou a casa de leilões Phillips.
A obra “O Pai”, de 1911, com um valor avaliado entre os seis e os oito milhões de dólares, foi comprada em 1928 pelo violeiro polaco David Cender. A família Cender viu os ocupantes nazis confiscarem todos os seus bens quando foi obrigada a morar no gueto de Lodz.
Deportado para Auschwitz, onde a sua esposa e a sua filha morreram, o músico sobreviveu e mudou-se para França em 1958, país onde faleceu em 1966. Cender nunca recuperou a obra.
O quadro foi exibido em várias exposições e foi comprovado que o próprio Chagall o adquiriu, entre 1947 e 1953. O pintor ignorava que a pintura teria sido confiscada pelo regime nazi, de acordo com a casa Phillips e o ministério francês da Cultura.
Após a morte do artista judeu de origem russa em 1985, “O Pai” passou a integrar as colecções nacionais em 1988, antes de ser confiado ao Centro Pompidou e levado para o Museu de Arte e História do Judaísmo de Paris.
No início de 2022, o Parlamento francês aprovou por unanimidade uma lei que visava a restituição aos herdeiros de 15 obras de famílias judaicas que foram saqueadas pelos nazis. A ministra da Cultura, Roselyne Bachelot, considerou a regulamento “histórico” e “um primeiro passo” porque “ainda existem obras de arte e livros saqueados nos arquivos públicos”.
Os herdeiros de David Cender decidiram vender o quadro, uma decisão que é habitual “quando uma obra é restituída muito tempo depois porque são vários herdeiros e a obra não pode ser dividida”, de acordo com o vice-presidente da Phillips, Jeremiah Evarts.
Chagall pintou a obra, um retrato do seu pai, em 1911, ano em que chegou a Paris. “Electrizado pelo modernismo” da cidade, as obras do pintor datadas daquela época são “raras, porque muitas delas foram destruídas quando Chagall deixou Paris para regressar à Rússia em 1914”, explicou Evarts. O representante da leiloeira não tem dúvidas de que “O Pai” atrairá museus e grandes colecionadores.
A venda acontecerá durante os leilões de outono que vão decorrer em Nova Iorque.
De propriedade do grupo russo de artigos de luxo Mercury, a casa de leilões Phillips, com sede em Nova Iorque, condenou a invasão da Ucrânia dias após o início da guerra, no final de Fevereiro
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