Portugal. Contágios diários vão duplicar num período de duas semanas

Fotografia: Jason Briscoe/Unsplash

O Governo português prevê que o número de infecções diárias pela Covid-19 possa duplicar dentro de duas semanas devido à variante Delta, que se tornou predominante no país. O aumento do número de casos tem aumentado a pressão hospitalar desde há várias semanas, mas o governo espera contrariar a tendência com o início do processo de vacinação dos mais jovens.

A previsão foi avançada pela ministra da Saúde, Marta Temido, que admitiu numa entrevista à TVI que “a este ritmo de crescimento vamos duplicar o número de casos no prazo de 15 dias”.

Isto significaria que Portugal, que atravessa actualmente a quarta vaga e ultrapassou na semana passada a barreira das 2.000 infecções diárias, atingirá 4.000 casos comunicados por dia em meados deste mês.

“Não é um bom cenário”, reconheceu a ministra, que salientou as consequências deste agravamento nos hospitais, onde haverá cerca de 800 internados por coronavírus – actualmente são 613 – e acima de 150 pacientes tratados em unidades de cuidados intensivos. Agora são 138.

Portugal, com dez milhões de habitantes e um balanço de 17.117 mortos e 890.571 infectados desde o início da pandemia, está a sofrer um agravamento progressivo da situação epidemiológica devido à variante Delta, o que levou o Governo do socialista António Costa a restabelecer algumas restrições.

Entre estas está o recolher obrigatório a partir das 23 horas, em vigor desde a última sexta-feira em 45 dos 278 municípios do território continental, incluindo Lisboa, Porto, Braga e Faro, todas estas zonas de alto ou muito alto risco devido à elevada incidência de contágios.

A imposição de um cerco sanitário à Área Metropolitana de Lisboa também se mantém em vigor durante os fins-de-semana, onde ninguém pode entrar ou sair, com excepções, das 15 horas de sexta-feira às 6 horas de segunda.

Face ao agravamento da situação, o Governo não exclui “qualquer tipo de medidas adicionais” embora, salientou a ministra, lhe falte um “marco legal” para aplicar um novo confinamento, o que exigiria a declaração do estado de emergência, uma opção face à qual o presidente do país, Marcelo Rebelo de Sousa,  se mostra relutante.

Assim, as esperanças de contrariar o avanço da variante Delta estão centradas na aceleração do processo de vacinação, particularmente entre os mais jovens.

As autoridades começaram este domingo a contactar cidadãos entre os 29 e os 18 anos de idade, e prepara-se também para acelerar a imunização dos grupos em idade superior durante este mês.

A ideia é poder aplicar 850.000 doses por semana, disse este fim-de-semana o chefe do plano de vacinação, o vice-almirante Gouveia e Melo, que pediu paciência aos cidadãos face às longas filas que estão a ocorrer em frente de alguns dos pavilhões utilizados para a vacinação.

Actualmente, 57 por cento da população portuguesa já recebeu pelo menos uma dose, enquanto 35 por cento já recebeu o programa completo.

O agravamento antecipa um Verão com previsões pessimistas para o turismo, especialmente no Algarve (sul), onde a falta de turistas britânicos e alemães pressagia um novo golpe para o sector, também escasso de visitantes nacionais devido às restrições que afectam a mobilidade das grandes cidades do país.

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