Acordo comercial. Pequim exige fim da “confrontação” a Bruxelas

Fotografia: Camillo Corsetti Antonioni/Unsplash

O governo chinês pediu à União Europeia (UE) nesta sexta-feira que deixe de lado a sua atitude de “confrontação”, depois de o Parlamento europeu ter votado a favor da suspensão do processo de ratificação do acordo sobre investimentos com Pequim.

Numa conferência de imprensa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, pediu a Bruxelas que suspensa as sanções contra as autoridades chinesas, acusadas de participarem nas práticas de repressão de muçulmanos uigures em Xinjiang, no noroeste do país.

As sanções foram seguidas de outras medidas impostas pela China contra eurodeputados: “Sanções e confrontação não vão resolver nada”, disse Zhao. “Quem causou o problema é que o deve resolvê-lo”, completou.

Por meio de uma resolução aprovada na quinta-feira por ampla maioria (599 votos a favor, 30 contra e 58 abstenções), o Parlamento europeu condicionou a análise do acordo sobre investimentos ao levantamento de sanções por parte da República Popular da China.

Além disso, advertiu que a situação das liberdades na China influenciará o eventual estudo do acordo e mencionou a intervenção do regime comunista na Região Administrativa Especial de Hong Kong:  “O Parlamento levará em consideração a situação dos direitos humanos na República Popular da China, incluindo em Hong Kong, quando lhe for solicitado que aprove este acordo”, afirmaram os deputados.

Responsável pela política comercial dos 27 Estados-membros da União Europeia, a Comissão Europeia fechou com Pequim um acordo sobre investimentos no final de 2020. Este texto permaneceu bloqueado durante anos.

Em Março, porém, a União Europeia impôs sanções à China, devido à situação em Xinjiang, onde mais de um milhão de muçulmanos foram levados para centros de reeducação política, de acordo com organizações de defesa dos direitos humanos.

Pequim retaliou, estabelecendo sanções contra vários parlamentares europeus, contra professores universitários e contra o centro de estudos alemão Merics.

Neste contexto, o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, disse à AFP, no início de Maio, que os “esforços” de sua equipa para obter a ratificação do acordo de investimento tinham sido “suspensos”.

O porta-voz do governo chinês considerou que o acordo sobre investimentos é “equilibrado e mutuamente benéfico”: “Não se trata de nenhum favor feito por uma parte à outra”, frisou.

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