A Igreja Católica perdeu contacto com a “realidade viva” das pessoas LGBT+, disse esta semana um dos mais de 100 padres alemães que estão a desafiar o Vaticano, ao abençoar casais do mesmo sexo.
Num movimento que irritou os liberais dentro da Igreja Católica, que tem 1300 milhões de membros, a área doutrinal do Vaticano disse em Março que os padres não podem abençoar as uniões entre pessoas do mesmo sexo como alternativa ao casamento, apesar de dezenas de sacerdotes fazerem isso em países como a Alemanha.
“Se dissermos que Deus é amor, não posso dizer às pessoas que abraçam a lealdade, a unidade e a responsabilidade um para com o outro que o amor deles não é amor, que é um amor de quinta ou sexta classe”, disse Christian Olding, um padre da cidade de Geldern. “Anseio pela bênção. Vamos ter todas as formas de relacionamento: casamentos heterossexuais clássicos, casais divorciados e casados novamente, casais não casados e sim, também casais do mesmo sexo”, disse Olding à agência Thomson Reuters.
“Nós vamos ter toda a diversidade do amor.”
Padres e dioceses em toda a Alemanha aderiram à iniciativa “Liebe Gewinnt” ou “Love Wins” (amor vence), com bênçãos a serem concedidas esta semana em cidades como Berlim, Munique e Colónia, cidade que acolhe a sede da maior arquidiocese da Alemanha, assim como em zonas rurais.
A proibição de abençoar as uniões decretada em Março e aprovada pelo papa Francisco, provocou dissidência na Igreja e surpreendeu muitos, já que o pontífice tem sido mais conciliador com os homossexuais do que qualquer outro pontífice.
O papa tem realizado reuniões com casais gays e encorajou aqueles que querem criar os seus filhos na Igreja a fazê-lo. Em 2013, ele fez o famoso comentário “Quem sou eu para julgar sobre gays que procuram a Deus e tentam viver segundo as regras da Igreja?”.
A Igreja ensina que ser gay não é inerentemente pecaminoso, mas proíbe a actividade sexual entre pessoas do mesmo sexo.
Em Março, mais de 2.000 padres, teólogos e outros membros da Igreja Católica na Alemanha e na Áustria assinaram uma petição a favor da benção de casais do mesmo sexo: “Quando alguém diz que algo não pode ser discutido, eu acho isso irracional e inapropriado”, disse Olding, acrescentando que a Igreja perdeu o contacto com seus seguidores LGBT+. “Eu vivo no centro da sociedade. Não quero estar separado da realidade quotidiana das pessoas que acompanho como padre.”
De acordo com o Pew Research Center, um centro de estudos com sede nos Estados Unidos, 86 por cento dos alemães acham que a homossexualidade deve ser aceite.
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