O antigo príncipe-herdeiro da Jordânia afirmou na noite de sábado que se encontra em “prisão domiciliar” no seu palácio de Amã, de acordo com um vídeo obtido pela BBC, depois de o exército o ter acusado de realizar actividades contra “a segurança do reino”. No vídeo difundido pela BBC, o príncipe Hamza afirmou que o chefe de Estado Maior do exército foi até a sua casa e lhe disse que “não estava autorizado a sair”.
O príncipe garante não ter participado em qualquer conspiração e que “não é responsável pela degradação da governança, pela corrupção e pela incompetência” das autoridades do seu país.
Antes, a agência oficial Petra, reportou que as autoridades tinham detido o ex-assessor do rei, Bassem Awadallah e um número indeterminado de pessoas por “motivos de segurança”.
O jornal americano Washington Post fala de uma consiração para para derrubar o rei, Abdullah II.
Num comunicado, o chefe de Estado Maior jordano, o general Yussef Huneiti, assegurou que foi pedido ao príncipe Hamza “que cessasse algumas actividades que poderiam ser usadas para colocar em causa a estabilidade e a segurança do reino”, mas desmentiu a detenção.
“Ninguém está acima da lei. A segurança e a estabilidade da Jordânia estão acima de tudo”, disse o general Huneiti. “Foram tomadas todas as medidas no âmbito da lei e após uma investigação exaustiva”, acrescentou.
Vídeos partilhados na Internet mostram uma grande mobilização policial na região de Dabuq, perto dos palácios reais.
Segundo o Washington Post, o príncipe Hamza é alvo de uma investigação depois “da descoberta do que os funcionários do palácio descreveram como um conspiração complexa e de amplo alcance” para depor o rei Abdullah II.
Esta conspiração “incluía pelo menos outro membro da família real da Jordânia, assim como líderes tribais e membros do aparelho de segurança do país”, acrescentou o jornal, citando um membro dos serviços secretos do reino hashemita. “Não faço parte de nehuma conspiração, nem de nenhuma organização criminosa”, defendeu-se o príncipe no vídeo, lamentando que não se possa opinar ou criticar as autoridades “sem ser intimidado, assediado ou ameaçado”: “Infelizmente, este país mergulhou na corrupção, no nepotismo, na má administração, e isto causou abatimento ou perda de esperança”, acrescentou.
Hamza é o filho mais velho do rei Hussein, falecido em 1999, e da sua esposa americana, a rainha Noor, cujo nome de solteira era Lisa Halaby.
Quando se tornou rei, Abdullah tinha nomeado o príncipe-herdeiro seu meio-irmão, Hamza, atendendo ao desejo do pai, mas em 2004 retirou-lhe o título e o deu-o ao seu filho mais velho, Hussein.
Bassem Awadallah, uma das pessoas detidas de acordo com a agência Petra, foi chefe do gabinete real em 2007 e 2008 e depois chefe da Corte Real até 2008. Antigo ministro de Finanças e Planeamento, era muito próximo do rei, mas também muito controverso.
Bassem Awadallah demitiuse em 2008, após ser acusado por deputados, outros políticos e jornalistas de se intrometer nos planos de privatização do país. Dois aliados da Jordânia expressaram rapidamente apoio ao rei Abdullah II. O porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, afirmou que Washington “acompanhava de perto” estas informações: “Estamos […] em contacto com os funcionários jordanos. O rei Abdullah é um parceiro-chave dos Estados Unidos e tem nosso apoio total”, afirmou.
A Arábia Saudita reagiu expressando “o seu apoio completo ao reino da Jordânia […] e às decisões e medidas tomadas pelo rei Abdullah II e o príncipe-herdeiro Hussein para salvaguardar a segurança e a estabilidade”.
As detenções ocorreram dias antes da comemoração do centenário do reino. A 11 de Abril de 1921, o rei Abdullah, dirigente do novo Estado da Transjordânia, formou o seu primeiro governo após a criação do emirado, em Março de 1921, junto com a Palestina durante o mandato britânico.
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