A aplicação chinesa TikTok negou na terça-feira ter feito chegar dados de utilizadores indianos ao governo de Pequim, depois da Índia ter decidido proibir a utilização do popular aplicativo no país. A decisão foi tomada após um letal confronto entre soldados indianos e chineses na fronteira do Himalaias.
A aplicação integra a lista publicada pela Índia de 59 aplicativos chineses que serão bloqueados no país para “garantir a segurança e a soberania do ciberespaço indiano”.
O anúncio do governo do primeiro-ministro Narendra Modi surge duas semanas depois de um confronto entre o Exército indiano e chinês numa zona fronteiriça do Himalaias. O incidente originou um apelo ao boicote de produtos chineses na Índia.
A proibição constitui um golpe importante para o TikTok, um aplicação muito popular entre os jovens indianos e que perderá, com isso, boa parte dos seus utilizadores fora da República Popular da China.
“O TikTok continua a respeitar a segurança e o carácter privado dos dados, respeita a legislação indiana, e não compartilhou qualquer informação sobre os nossos utilizadores na Índia com governos estrangeiros, incluindo o governo chinês”, afirma a empresa, num comunicado divulgado pela sua filial indiana, propriedade do grupo chinês ByteDance.
O aplicativo permite publicar vídeos de poucos segundos, nos quais os usuários se filmam a cantar, a dançar ou a fazer brincadeiras: “O Tiktok democratizou a Internet, ao ser acessível em 14 línguas na Índia, com centenas de milhões de usuários, artistas, narradores, educadores e intérpretes que dependem da aplicação para ganhar a vida. Muitos são novos utilizadores da Internet”, afirmou a aplicação no comunicado.
Corpo a corpo
Nesta terça de manhã, os jornalistas da AFP na Índia ainda conseguiam aceder à aplicação. O TikTok informou “que está a fazer o necessário para respeitar” a ordem de bloqueio.
O bloqueio de aplicações chinesas – que também afecta o WeChat, Weibo e o jogo Clash of Kings – ocorre num contexto de elevada tensão entre Nova Deli e Pequim.
Soldados dos dois países, os dois mais populosos do mundo, defrontaram-se a 15 de Junho, num enfrentamento corpo a corpo que foi extremamente violento, num disputado vale da região de Ladakh, nos Himalaias. Foi o primeiro embate com mortos entre ambos os países em 45 anos. No total, 20 pessoas morreram do lado indiano. O número de baixas do lado chinês é desconhecido.
A morte de soldados indianos deflagrou uma onda de indignação na Índia e provocou protestos contra a China.
Um grande grupo hoteleiro de Nova Deli anunciou que recusará clientes chineses. O fabricante chinês de telefones móveis Xiaomi, líder do mercado na Índia, onde também tem várias fábricas, começou a colocar nas suas lojas grandes placards com a mensagem “Made in India” para tentar evitar o boicote.
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