O Covid 19 chegou em Dezembro último e, desde então, espalhou-se pelo mundo com uma velocidade que nos afectou a todos. Matou a nossa família, os nossos amigos, os nossos vizinhos ou – o mais das vezes – pessoas desconhecidas. O novo coronavírus deixou bem patente o quão frágil o ser humano é. Poder e dinheiro não são distinção: ninguém se furta à possibilidade de infecção ou mesmo à morte, por muito poderoso ou rico que seja.
Jorge Sales Marques/ Pediatra
Não estamos numa guerra entre dois ou mais países ou perante um conflito nuclear, mas não é por isso que a ameaça deve ser subestimada. O novo coronavírus, responsável pelo Covid 19, é um inimigo invisível. Pode ficar três horas no ar, quatro horas numa superfície de cobre, quatro dias em madeira e copos ou cinco dias em plástico ou papel. Mas não é um inimigo irrefreável.
Podemos parar o vírus através da estratégia usada com sucesso em Macau. Sabemos que este pequeno território é um exemplo para o mundo em relação ao número de casos de infectados que temos na comunidade. Depois de uma primeira vaga de diagnósticos positivos, a cidade permaneceu 40 dias sem quaisquer novos casos.
O aparecimento de casos importados era esperado, após a propagação do novo coronavírus para outros países ou regiões do planeta. A estratégia gizada pelo Governo e pelos Serviços de Saúde, com a cooperação de outros departamentos – como os Serviços de Turismo e as forças de segurança, foi a de interromper as cadeias de transmissão internas e de controlar os casos externos (importados).
Macau, que é uma Região Administrativa Especial chinesa desde 1999, é uma cidade pequena, com cerca de 33 quilómetros quadrados e 650 mil habitantes. Recebeu em 2019 perto de 40 milhões de turistas, uma média de mais de 100 mil visitantes por dia. Com números tão volumosos, seria previsível e expectável que o território apresentasse muito mais casos de infecção pelo novo coronavírus.
A estratégia para atacar o Covid 19 foi bem planeada pelo Governo e pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. O modelo e plano para interromper a disseminação do Covid 19 foi perfeito, com os resultados que se conhecem. Neste momento, em plena guerra, a população de todo o mundo está unida num desígnio comum, o de lutar contra um mesmo antagonista. Mas como podemos vencer esta batalha, sendo o adversário invisível?
- medindo a temperatura a todas as pessoas, não apenas nas fronteiras, mas em todos os lugares públicos e espaços comuns: hospitais, casinos, bancos, hotéis, escolas. Macau diagnosticou 40 por cento dos casos de infecção por esta via, impedindo que outros pacientes fossem infectados .
- usando máscara podemos reduzir a possibilidade de pessoas sem febre ou qualquer outro sintoma infectarem as demais.
- lavando as mãos pelo menos durante 20 segundos e seguindo todas as etapas correctamente.
- evitando locais superlotados para que o risco de infecção seja reduzido significativamente.
- o novo coronavírus, responsável pela Covid 19, é um vírus que se alimenta de pessoas. São elas que o tornam mais poderoso. Pode infectar muito facilmente qualquer pessoa, principalmente pessoas com mais de 55 anos de idade com doenças crónicas como diabetes, casos oncológicos, doenças cardíacas e renais, entre outras.
- testando, testando e testando. É importante testar o mais possível para garantir que o Covid 19 não esteja à nossa volta.
- estudando o percurso do paciente afectado. A epidemiologia de cada caso é muito importante. Com o lançamento de uma investigação detalhada, é possível evitar mais casos de infecção.
Não facilite. Não deixe o Covid 19 ganhar um milímetro de terreno que seja. Não desista, nunca. Um mundo unido e solidário, que compartilha conhecimentos e esquemas de tratamento , é a chave neste momento para derrotarmos o flagelo do novo coronavírus e para vencermos esta guerra sem quartel entre o Covid 19 e a população do planeta.
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