A visita do Presidente da República Popular da China no 20.º aniversário da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), cujo programa é ainda desconhecido, obrigou ao reforço da segurança no território. Xi Jinping só deverá chegar na quarta-feira, mas os últimos dias tem sido marcados por detenções, interrogatórios e denúncias de ameaças a jornalistas.
A poucos dias das celebrações do vigésimo aniversário da RAEM pouco ou nada se sabe sobre o programa oficial, mas são crescentes os relatos de medidas adicionais de segurança das autoridades nas fronteiras que obrigaram a reduzir as ligações de e para Hong Kong, de inspecções policiais, mas também de ameaças a repórteres denunciadas pela Associação de Jornalistas de Macau (AJM). A sequência de acontecimentos antecipa a chegada do Presidente chinês, Xi Jinping à RAEM, agendada para quarta-feira.
A associação garantiu que “muitos jornalistas locais foram ameaçados por pessoas não identificadas”, que as avisaram sobre a forma como se deveriam expressar e agir, a poucos dias das cerimónias que assinalam os 20 anos da passagem da administração de Macau de Portugal para a República Popular da China, para as quais estão inscritos mais de 650 profissionais dos meios de comunicação social. No sábado, as autoridades locais declararem que a primazia da cobertura será dada aos repórteres provenientes da República Popular da China. Só a CCTV terá enviado para Macau quase meia centena de profissionais da comunicação social.
A mesma associação condenou qualquer intimidação e constrangimentos à liberdade de imprensa e apelou ao Governo Central e à RAEM para que cumpra os compromissos ao abrigo do princípio “Um país, dois sistemas”.
A posição da AJM surgiu no domingo, 48 horas após a Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) ter apelado às autoridades do território para que “o livre exercício da profissão esteja assegurado na plenitude (…), perante situações recentes de jornalistas do exterior que viram a entrada negada ou que foram inquiridos prolongadamente nas fronteiras de Macau”.
Numa cidade cujas decorações dos espaços públicos assinalam já as festividades no Natal, mas não os 20 anos da RAEM, a visita de Xi Jinping, apenas anunciada oficialmente no sábado, tem motivado medidas de segurança adicionais, com inspecções na zona dos casinos e nas fronteiras do território, dotadas de mais máquinas de raio-x à saída de Hong Kong e à chegada a Macau.
Desde terça-feira, de resto, as autoridades da China Continental contam com mais postos de controlo de segurança situados numa ilha artificial da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, de forma a proceder a inspecções sobre todos aqueles que se deslocam para a cidade chinesa de Zhuhai ou para a RAEM provenientes de Hong Kong, onde há mais de meio ano decorrem protestos do campo pró-democracia, que têm desafiado Pequim.
Terá sido num destes postos de controlo que “desapareceu” um residente de Hong Kong, um caso denunciado pelo filho aos meios de comunicação social da Região Administrativa Especial vizinha.
O último contacto que teve com o pai foi por telefone, quando este lhe disse que tinha sido detido pelas autoridades do interior da China. Na RAEM não há registo da entrada do homem e as autoridades de Hong Kong estavam a tratar o assunto como um desaparecimento, acrescentou o filho. Esta tarde, as autoridades chinesas que o homem foi detido por envolvimento com uma organização criminosa ligada ao contrabando de telemóveis.
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