Plante uma árvore e salve o mundo. Novo estudo recomenda reflorestação do planeta

Ainda é possível ajudar a refrear as alterações climáticas através de uma enorme campanha de reflorestação, segundo um estudo publicado na quinta-feira. Para que tal aconteça, dizem os autores do estudo, é necessário cobrir uma área do tamanho dos Estados Unidos da América com árvores novas.

O atlântico esforço poderia resultar na captura de dois terços das emissões de carbono produzidos pelo Homem e reduzir os níveis do nocivo gás na atmosfera para o valor mínimo dos últimos cem anos, de acordo com um estudo realizado pela universidade ETH Zurich e publicado na revista Science.

A investigação foi a primeira tentativa de quantificar quantas árvores a Terra poderia suportar, onde deveriam ser plantadas e quanto carbono poderiam ajudar a absorver: “Todos sabemos que restaurar as florestas poderia exercer um papel importante na luta contra as alterações climatéricas, mas não dispúnhamos ainda de conhecimento científico sobre o impacto que isto poderia ter”, disse Thomas Crowther, co-autor do artigo. “O nosso estudo mostra claramente que o reflorestamento é a melhor solução para combater as alterações climáticas que temos ao nosso alcance actualmente”, indica o responsável.

Os investigadores estudaram cerca de 80 mil fotos de satélite de alta resolução de áreas protegidas, desde a tundra árctica até a floresta equatorial, para estabelecer um “nível natural” de cobertura arbórea para cada ecossistema.

Depois usaram a tecnologia inovadora para identificar dez variáveis de solos e clima que determinam a cobertura arbórea em cada ecossistema, e criaram um modelo estatístico para cartografar as áreas de todo o planeta passíveis de serem reflorestadas nas condições ambientais actuais.

O estudo concluiu que a Terra pode suportar 900 milhões de hectares de árvores que poderiam absorver cerca de 205 mil toneladas de carbono.

Surpreendentemente, as descobertas mostram que estas árvores adicionais poderiam ser plantadas em terras de cultivo e áreas urbanas, destacando o importante papel que a agrofloresta pode desempenhar na luta contra as alterações climáticas.

Os dados mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas indicam que limitar o aquecimento a 1,5 graus centígrados requererá até 900 milhões de hectares adicionais de floresta até 2050.

Os investigadores disseram que o estudo avaliou a proposta da Organização das Nações Unidas pela primeira vez, mostrando onde as árvores poderiam ser plantadas e quanto carbono poderiam capturar.

O cenário, acrescentaram, é “indubitavelmente alcançável no clima actual”. Os investigadores advertiram que é necessário agir com urgência, porque o aquecimento já está a reduzir a expansão dos terrenos onde poderiam ser plantadas novas florestas.

Especialistas que não tomaram parte no estudo mostram-se, no entanto, cépticos perante as descobertas: “O reflorestamento pode estar ‘entre as estratégias mais eficazes’, mas está longe de ser ‘a melhor solução disponível para refrear a mudança climática’, e não vai ajudar a reduzir em tempo útil as emissões de combustíveis fósseis a zero”, defendeu Myles Allen, professor de Ciências do Geossistemas da Universidade de Oxford.

Martin Lukac, professor de Ciências dos Ecossistemas da Universidade de Reading, indicou que uma das debilidades do estudo é a sua dependência de um modelo demasiado optimista: “Plantar árvores para absorver dois terços de toda a carga de carbono gerada pelo homem até hoje soa bom demais para ser verdade. Provavelmente porque é”, assinala o académico.

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