Empresa russa oferece salário mais alto a mulheres que usem vestido e saia

Uma empresa russa oferece um salário mais elevado a mulheres que levem saia ou vestido para o emprego. A bonificação gerou uma vaga de protestos no país, com grupos feministas a considerarem que a proposta pauta um regresso à Idade Média.

A Tatprof, empresa do segmento de alumínio, prometeu pagar mais um dólar  e meio às funcionárias que enviarem aos seus superiores fotos em que estejam vestidas de acordo com as normas definidas pela empresa. Para além da indumentária, o conselho de administração da empresa esclarece que, para receberem a bonificação, as funcionária têm ainda de colocar “uma maquiagem modesta” e usar cabelos presos.

A “maratona de feminilidade” permitiria que as funcionárias se sentissem mais femininas e traria alegria aos escritórios da empresa – onde trabalham sobretudo funcionários do sexo masculino – explicou a empresa ao portal noticioso  TJurnal.

A política da empresa suscitou centenas de manifestações de indignação nas redes sociais: “Não estamos aqui para fazer com quem os dias dos homens sejam mais alegres”, escreveu a utilizador @jumagri no perfil do Instagram da empresa, enquanto a blogger feminista Zalina Marshenkulova descreveu a atitude como “uma atitude da Idade Média”.

Contactada pelas agências internacionais, a empresa remeteu para as declarações feitas à comunicação social local, nas quais alegou que a campanha não é sexista.

A Tatprof afirmou nos comentários à imprensa local que todas as mulheres que enviaram fotos até agora – contabilistas, gerentes de vendas e especialistas em segurança industrial – “estão a sorrir e até parecem estar radiantes”.

Jacqui Hunt, directora da representação europeia da Equality Now, considera que a campanha perpetuou estereótipos danosos que são um retrocesso tanto para mulheres, como para homens: “Tais mensagens são desrespeitosas e ofensivas para as mulheres russas e perpetuam estereótipo nocivos que empobrecem tanto homens como mulheres, prejudicando a sociedade em vez de permitir que ela floresça”, disse Hunt à agência Reuters.

A sede da companhia está localizada em Naberezhnye Chelny, um dos maiores industriais do oeste da Rússia. A empresa fabrica uma vasta gama de produtos de alumínio, de batentes de janelas a grades para varandas.

A legislação da Rússia impede que mulheres trabalhem em mais de 450 funções que envolvam “trabalho pesado” ou tarefas conduzidas sob condições de insalubridade, como mineração, combate ao fogo e mergulho.

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