Dois activistas pró-democracia da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong, Ray Wong e Alan Li receberam o estatuto de refugiados na Alemanha. Os activistas eram procurados pelas autoridades da antiga colónia britânica.
Ray Wong disse à Agência France Press, por telefone, que tinha fugido com Li para a Alemanha. A localização dos dois dissidentes de Hong Kong não era conhecida anteriormente.
O activista referiu que até mesmo a sua família não sabia onde estava até Maio de 2018, quando recebeu o estatuto de refugiado na Alemanha. Não ousou contactar os seus familiares antes por temer uma vigilância das suas comunicações por parte das autoridades de Hong Kong.
Ray Wong e Alan Li, que participaram em confrontos violentos com a polícia em 2016, deveriam ter comparecido diante da justiça sob a acusação de participação em tumultos, mas fugiram da antiga colónia britânica em Novembro de 2017.
A justiça de Hong Kong emitiu mandados de prisão e entretanto, o julgamento foi realizado à revelia. Durante o julgamento, realizado em 2018, o activista pró-independência Edward Leung, também preso na manifestação de Fevereiro de 2016 – conhecida como a “revolta das bolinhas de peixe”- foi condenado a seis anos de prisão.
As chamadas “fishballs” estiveram na origem de confrontos quando a polícia começou a fechar barracas de comida de rua numa área pedonal de Mong Kok por não terem licença, tendo na ocasião sido registados confrontos entre os manifestantes e as forças policiais.
Wong decidiu quebrar o seu silêncio por causa de um projecto do Governo de Hong Kong que autoriza a extradição para a República Popular da China: “A coisa mais importante é continuar a falar e garantir que todo o mundo saiba que as pessoas em Hong Kong não aceitarão esta lei”, disse.
O diploma esteve na origem de grandes manifestações e suscitou a preocupação de empresas e Governos estrangeiros, já que poderia reduzir a atracção pelo centro financeiro. Hong Kong tem actualmente um sistema legal diferente do da República Popular da China.
Wong, de 25 anos, que actualmente mora em Göttingen, na Alemanha, disse à Agência France Press que deseja estudar filosofia e ciência política se o nível do seu alemão for considerado satisfatório.
O estatuto de refugiado permite a Wong e a Li viverem, trabalharem e estudarem na Alemanha por um período inicial de três anos, que pode eventualmente ser prolongado.
Um porta-voz do Ministério da Administração Interna alemão disse aos jornalistas que “dois pedidos de asilo foram aceites em 2018” e que dizem respeito a pessoas de Hong Kong. Este caso ilustra os crescentes temores de ameaças às liberdades na vizinha Região Administrativa Especial.
As manifestações em Fevereiro de 2016, marcadas por motins que deixaram muitos feridos na zona de Mong Kok, foram organizadas por activistas que pediam mais liberdade e até a independência, provocaram a ira de Pequim.
Ray Wong assegurou que desde então se tornou mais moderado:”No momento, eu não defendo a independência para Hong Kong”, disse.
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