A representante comercial dos Estados Unidos da América teve uma reunião virtual na quinta-feira com um alto representante do governo taiwanês para discutir as relações comerciais entre Washington e Taipé, desafiando as advertências da República Popular da China.
Katherine Tai sublinhou, no encontro o ministro sem pasta taiwanês John Deng “a importância da relação comercial e de investimentos entre os Estados Unidos da América e Taiwan”, de acordo com um comunicado do seu gabinete.
Os dois comprometeram-se a reactivar a instância encarregada do diálogo comercial bilateral, que se encontra inactiva desde 2016. Esta reunião ocorrerá “nas próximas semanas”, confirmou o gabinente taiwanês de negociações económicas e comerciais num comunicado.
Tai também “expressou o interesse persistente dos Estados Unidos em trabalhar com Taiwan” nas prioridades comuns “dentro das organizações multilaterais”.
O encontro ocorre depois de o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, afirmou na segunda-feira que os Estados Unidos da América iriam estabelecer “em breve” as “discussões com Taiwan” sobre “algum tipo de acordo-quadro” no campo comercial.
O anúncio despertou a ira da China, que considera Taiwan uma província rebelde e ameaça usar a força em caso de uma proclamação formal de independência ou uma intervenção externa.
O porta-voz do ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian, instou Washington a “travar qualquer forma de intercâmbios oficiais com Taiwan”.
Os Estados Unidos devem “tratar o assunto de Taiwan com cautela e abster-se de enviar sinais errados às forças separatistas” da ilha, acrescentou.
Este foi o primeiro contacto de alto nível entre Taiwan e o governo de Joe Biden, visivelmente decidido a desfiar as advertências da República Popular da China.
Taiwan saudou um diálogo “cordial e construtivo” e ressaltou o seu “importante papel na cadeia de abastecimento internacional”, actualmente sob forte pressão com a recuperação das grandes economias saindo da pandemia. Informou, ainda, que é “um parceiro de confiança para os Estados Unidos”.
Braço-de-ferro prolongado
Os Estados Unidos e a República Popular da China travam uma guerra comercial aberta em 2018 por meio de tarifas alfandegárias punitivas declaradas pelo ex-presidente Donald Trump.
Biden retomou o confronto com Pequim e denuncia sistematicamente “a autocracia” chinesa.
A representante taiwanesa nos Estados Unidos da América foi convidada para a cerimónia de posse do presidente democrata em Janeiro, o que não acontecia desde que Washington rompeu relações diplomáticas com Taipé em 1979 para reconhecer Pequim como representante oficial da República Popular da China.
Os Estados Unidos da América são o principal aliado de Taiwan e o seu maior fornecedor de armas.
Nos últimos meses, Washington tem vindo a advertir reiteradamente a China contra qualquer tentativa de mudar “pela força” o status quo em relação a Taipé: “Taiwan deve ter os meios de se defender”, disse Antony Blinken na segunda-feira. “Continuamos a providenciar equipamentos a Taiwan com este fim”, acrescentou.
Em Washington, multiplicam-se os apelos para que o governo se comprometa publicamente em defender militarmente a ilha em caso de agressão chinesa.
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