A Covid matou Larry King, lenda da CNN e do jornalismo norte-americano

O icónico jornalista norte-americano Larry King morreu este sábado, aos 87 anos, informou a sua empresa, a Ora Media. A causa de seu falecimento não foi divulgada, mas, segundo vários jornais, Larry lutava há semanas contra a Covid-19. O jornalista batalhou vários problemas de saúde nos últimos anos.

Com as suas famosas observações e óculos pretos, King era conhecido pelo programa de entrevistas que conduzia na rede CNN “Larry King Live”,  por ele apresentado ao longo de 25 anos.

“Durante 63 anos e em plataformas como a rádio, a televisão e os meios digitais, as milhares de entrevistas, prémios e reconhecimento global a Larry são um testamento do seu talento único e duradouro como comunicador”, diz o comunicado da Ora Media divulgado no Twitter.

A longa lista dos entrevistados por King inclui todos os presidentes dos Estados Unidos desde 1974, líderes como Yasser Arafat ou Vladimir Putin, e celebridades como Frank Sinatra, Marlon Brando e Barbra Streisand.

A última transmissão de “Larry King Live” foi em 2010, um programa emocionante com homenagens como, por exemplo, a do então presidente Barack Obama, que o considerava “um gigante da comunicação”.

Assim que se soube da notícia de sua morte, começaram a chegar homenagens da comunicação social, da política e do mundo do cinema de Hollywood. Entrevistado por diversas ocasiões por King, o presidente russo, Vladimir Putin, saudou a memória e “grande profissionalismo” do jornalista, anunciou o Kremlin: “O presidente sempre apreciou o seu grande profissionalismo e sua autoridade jornalística indiscutível”, afirmou o porta-voz do chefe de Estado russo, Dmitri Peskov, de acordo com a agência de notícias Ria Novosti.

Putin elogiou o seu “grande profissionalismo e autoridade jornalística inquestionável”, reitera o comunicado do Kremlin.

A correspondente da CNN Christiane Amanpour referiu-se a Larry King como “um gigante da comunicação e um mestre da entrevista com celebridades, ou chefes e chefas de Estado”: “O seu nome é sinónimo de CNN e foi vital para o crescimento da rede. TODOS queriam estar no Larry King Live. Que descanse em paz.”

A figura de “Star Trek” e das redes sociais George Takei destacou que King entendia “o triunfo e a fraqueza humana, de uma mesma forma”, ao passo que a actriz Kirstie Alley, famosa pela série “Cheers”, dizia que ele era “um dos poucos apresentadores de ‘talk show’ que deixavam os entrevistados falar”.

Amor pelo rádio

Nascido Lawrence Harvey Zeiger, a 19 de Novembro de 1933, num complexo residencial humilde para imigrantes judeus russos na região de Brooklyn, King sempre disse que a única coisa que lhe interessava era ser locutor de rádio.

Aos 23 anos, mudou-se para a Flórida à procura de trabalho. Em 1957, tornou-se DJ de uma estação de rádio de Miami, quando mudou o seu sobrenome para King porque o gerente lhe disse que Zeiger era “muito étnico”.

Para outra estação de rádio de Miami, gravou transmissões de um restaurante com entrevistas feitas perante o público presente.

Em 1978, mudou-se para Washington para apresentar um programa de rádio nocturno antes de ter entrado no radar da CNN.

A rede fundada em 1980 contratou King em 1985 para o colocar no comando das suas transmissões noturnas. “Larry King Live” foi  para o ar de 1985 a 2010, seis noites por semana, com um alcance de mais de 200 países. A CNN estima que ele tenha realizado cerca de 30.000 entrevistas.

No auge do seu sucesso, o programa atraia mais de um milhão de telespectadores  e fez de King a estrela maior da televisão por assinatura, ganhando mais de sete milhões de dólares por ano.

Perante as críticas por ser, às vezes, muito brando com os seus convidados, respondeu: “Não estou interessado em humilhá-los, não estou interessado em elogiá-los”, disse ele à AFP em 1995. “Estou apenas curioso”, completou.

Depois de deixar a CNN, transmitiu entrevistas no seu portal electrónico e, mais tarde, apresentou o programa “Larry King Now” no Russia Today, uma rede internacional financiada pelo governo de Moscovo.

A sua vida privada também foi única: casou-se oito vezes – duas vezes com a mesma parceira – e  divorciou-se oito vezes: “Em vez de adeus, que tal um até logo”, disse ele, com a voz embargada pela emoção, no último programa “Larry King Live”.

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