Moçambique. Violência em Cabo Delgado já causou mais de meio milhão de deslocados

Mais de meio milhão de pessoas viram-se obrigadas a abandonar os locais onde residiam devido aos ataques de grupos armados no norte de Moçambique. O fluxo humano ocorre diariamente há quase dois anos, denunciou esta sexta-feira a Agência das Nações Unidas para os refugiados (ACNUR).

Cabo Delgado é a província moçambicana mais afectada pela onda de violência e por violações dos direitos humanos e é também o local onde se está a registar o fulcro dos deslocamentos forçado, que atinge também as zonas de Nampula, Zambézia e Niassa.

As vítimas civis dessas províncias estão a fugir para  zonas mais a sul porque as consideram seguras, disse à imprensa o porta-voz da ACNUR, Babar Baloch, desde Genebra.

Este conflito interno já causou a morte de mais de 2.000 pessoas nos últimos quatro anos, segundo organizações de defesa dos direitos humanos. Grande parte dos abusos são especificamente dirigidos contra as mulheres, com casos de raptos, violações e casamentos forçados: “Nos últimos dias os ataques perpetrados por grupos armados aumentaram significativamente nos distritos de Palma, Nangade e Macomia, o que obrigou muitas pessoas a deslocarem-se várias vezes”, explicou.

Os ataques contra a população incluíram recentemente pilhagem e incêndio de casas e danos graves em escolas e centros de saúde, bem como muitas famílias separadas e restrições no acesso a alimentos:  “Há indicações claras de que esta crise se pode estender além das fronteiras de Moçambique”, indicou Baloch, que disse que os trabalhadores humanitários não têm acesso às áreas afectadas devido à insegurança e às chuvas que tornaram alguns caminhos difíceis de usar, uma situação que se vai prolongar durante meses em algumas regiões.

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