Os projectos de construção de várias estradas na Amazónia podem levar ao desmatamento de milhões de hectares ao longo dos próximos 20 anos, defendem cientistas e activistas ambientais, num relatório publicado esta quinta-feira.
A construção ou atualização de cerca de 12 mil quilómetros de estradas construídas na Amazónia na Bolívia, no Brasil, na Colômbia, no Peru e no Equador durante os próximos cinco anos pode causar 2,4 milhões de hectares de desmatamento nas duas décadas seguintes, de acordo com o relatório sobre o progresso da Declaração de Florestas de Nova Iorque, cuja aplicação não é obrigatória.
O compromisso assumido por governos, corporações e outros grupos na Cimeira do Clima das Nações Unidas em Setembro de 2014 de diminuir o desmatamento pela metade até 2020 não será alcançado, disse o relatório. Outro acordo para acabar com o desmatamento até 2030 pressupõe “uma redução inédita” nas taxas anuais de perda florestal.
Estima-se que a construção de infraestruturas seja directamente responsável por uma taxa de desmatamento que oscila entre os 9 e os 17 por cento nos países tropicais e subtropicais e ainda existem consequências secundarias:
“O impacto indirecto (das estradas) é que é importante”, disse Franziska Haupt, directora-executiva do gabinete da Climate Focus em Berlim e principal autora do relatório, numa entrevista.
Construir rodovias através de áreas ecologicamente importantes também leva à especulação com terras e incentiva a construção de estradas ilegais, acrescentou a responsável. Para cada quilómetro de estradas legais no Brasil, estima-se existirem três quilômetros de estradas secundárias ilegais, de acordo com o relatório.


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