França vai proibir animais selvagens nos circos itinerantes

A França vai proibir progressivamente os espectáculos com animais selvagens nos circos itinerantes, assim como a reprodução e aquisição de novas baleias e golfinhos nos três ‘delfinários’ do país, anunciou na terça-feira a ministra da Ecologia, Barbara Pompili.

A ministra, que apresentou um conjunto de medidas para o “bem-estar da fauna selvagem em cativeiro”, também anunciou o fim da criação de visons americanos destinados à fabricação de roupas e destacou que a “atitude em relação aos animais selvagens na nossa época mudou”.

“Chegou o momento de impedir que o nosso fascínio ancestral por estes seres selvagens se traduza em situações que favoreçam o seu cativeiro em detrimento do seu bem-estar”, disse a ministra.

A proibição dos espectáculos com animais selvagens nos circos itinerantes acontecerá nos próximos anos, de acordo com a ministra, que não anunciou um calendário concreto: “Fixar uma data não resolve todos os problemas, prefiro iniciar um processo para que aconteça o mais rápidamente possível”.

Ao comentar o destino que vai ser  dado aos animais – os circos franceses têm quase meio milhar de animais selvagens – Pompili afirmou que serão encontradas “soluções caso por caso, com cada circo e para cada animal”.

O governo destinará 8 milhões de euros para o projecto de transformação dos circos itinerantes. Os circos tradicionais não serão afectados porque já não fazem usos de animais: “Estamos a pedir (aos circos) que se reinventem, este é um momento em que vão precisar de apoio e o Estado vai estar a seu lado”, disse a ministra.

Para o director do parque aquático Marineland, em Antibes, no sul de França,  Pascal Picor, este valor é “ridículo”. O responsável também criticou a falta de coordenação antes do anúncio.

Embora o governo não tenha anunciado um prazo para os circos, de acordo com fontes do sector, recebidas no Ministério na semana passada, foi mencionada uma transição de cinco anos.

Mais de 20 países europeus já limitaram ou proibiram os espetáculos de animais.

A questão do bem-estar animal ganhou destaque recentemente na França com a campanha para um “referendo para os animais”, que recebeu o apoio de mais de 750.000 pessoas na Internet e de 141 deputados. Seriam necessários 4,7 milhões de signatários e 185 parlamentares para organizar uma votação.

A associação L214 aplaudiu a medida para os visons, mas considerou que apenas “compensa o tempo perdido”. “Vitória”, escreveram no Twitter os promotores do Referendo para os Animais.

Mas do lado do circo, os anúncios provocaram preocupação: “Estamos surpresos. Não houve diálogo. Não poderemos continuar a trabalhar e, enquanto isso, quem vai pagar a carne dos animais selvagens, a forragem dos elefantes?”, questionou William Kerwich, presidente do sindicato dos treinadores de animais de circo e espectáculo.

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