Três soldados indianos perderam a vida num “confronto violento” com tropas chinesas numa zona de fronteira disputada por ambos os países, informou o Exército indiano na terça-feira. Trata-se das primeiras vítimas mortais registadas em mais de meio século, depois de ambos os gigantes asiáticos se terem confrontado brevemente na década de 60.
Fontes do governo indiano disseram que não foram disparados tiros e as vítimas resultaram de confrontos físicos entre soldados de ambas as partes, que terão arremessado pedras e utilizado bastões para neutralizar os adversários.
A República Popular da China culpou a Índia pelo confrontos, registado na segunda-feira. O editor do jornal Global Times, controlado pelo governo chinês, adiantou que os militares chineses também sofreram baixas. Pequim ainda não confirmou o número de vítimas do lado chinês, mas alguns meios de comunicação referem cinco mortos.
Tropas da Índia e da China estão mergulhadas num impasse no vale de Galwan, na região oeste do Himalaias. Nova Deli e Pequim trocam acusações mútuas de usurpação territorial.
Negociações para retirar os milhares de efectivos militares que foram destacados para a remota região foram conduzidas ao longo dos últimos dez dias, mas não se registaram avanços significativos: “Durante o processo actualmente em curso no vale de Galwan, um confronto violento ocorreu ontem na segunda-feira à noite com vítimas de ambos os lados”, disse o exército indiano num comunicado. “A perda de vidas do lado indiano diz respeito a um oficial e a dois soldados. Altas patentes militares dos dois exército estão actualmente reunidas no local para amenizar a situação. ”
O oficial que morreu era um coronel, disseram as mesmas forças. A Índia e a República Popular da China travaram uma breve guerra na região em 1962 e desde então não foram capazes de resolver a disputa fronteiriça, apesar das negociações se terem prolongado por mais de duas décadas.
Desde então registaram-se escaramuças e pequenos confrontos, mas não houve perda de vidas na fronteira desde que a região foi abalada por uma nova vaga de confrontos sangrentos, em 1967.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da República Popular da China exortou a Índia a não tomar nenhuma acção unilateral ou a criar problemas. Um porta-voz do ministério acusou a Índia de estar na origem dos desacatos desta segunda-feira, quando tropas indianas provocaram e atacaram os militares chineses: “O que é chocante é que, em 15 de Junho, o lado indiano violou severamente o consenso anteriormente atingido, cruzou a fronteira duas vezes e provocou e atacou as forças chinesas, causando um violento confronto físico entre as duas forças”, disse Zhao Lijian numa conferência de imprensa em que não foram fornecidas informações sobre as vítimas do lado chinês.
O director executivo do jornal Global Times escreveu, no entanto, que os militares chineses sofreram perdas, embora não esteja claro se foram mortes ou feridos: “Com base no que sei, o lado chinês também sofreu baixas no confronto físico no Vale de Galwan”, disse Hu Xijin na rede social Twitter.
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