A Coreia do Norte disse na sexta-feira que vai reforçar os predicados do seu programa nuclear em resposta ao que diz ser as promessas não cumpridas, feitas pelos Estados Unidos da América, dois anos depois dos dois países terem iniciado uma inédita aproximação diplomática.
Dois anos depois da cimeira de Singapura, a primeira realizada pelos chefes de governo dos dois países, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte, Ri Son-gwon, formalizou a ameaça de relançar o programa nuclear norte-coreano num comunicado divulgado pela agência de notícias estatal “KCNA”.
“O objectivo estratégico infalível da República Popular Democrática da Coreia é criar uma força mais confiável para lidar com as ameaças militares de longo prazo dos Estados Unidos da América”, disse.
Ri afirmou ainda que “a esperança de uma melhoria nas relações entre a RPDC e os EUA”, que era muito grande aos olhos do mundo há dois anos, “transformou-se agora em desespero”.
A Coreia do Norte tem endurecido a sua posição em relação aos Estados Unidos da América e à Coreia do Sul após o fracasso da cimeira de desnuclearização de Hanói, na qual Washington considerou insuficiente a proposta de desarmamento do regime liderado por Kim Jong-un.
O ministro dos Negócios Estrangeiros norte-coreano acredita que os povos americano e do país asiático ainda desejam uma “nova era de cooperação, paz e prosperidade”, mas que a situação na península “está a piorar de dia para dia”.
Ri enumerou as concessões de Pyongyang desde a cimeira de Singapura, como o encerramento do campo de testes nucleares de Punggye-ri, a paralisação dos lançamentos de mísseis intercontinentais, a repatriação dos restos mortais dos soldados americanos que faleceram na Guerra da Coreia (1950-1953) e a libertação de cidadãos norte-americanos detidos no país.
O responsável pela pasta dos Negócios Estrangeiros acusou Washington de não responder conforme o combinado e considera que a única coisa que o Governo dos EUA tem feito até agora “é acumular as suas conquistas políticas”, uma referência clara às mensagens -e ao tom nelas usado – pelo presidente Donald Trump no Twitter.
“Nunca mais daremos ao máximo mandatário americano outro pacote para que este possa ser usado para somar conquistas sem receber nada em troca”, sublinhou.
O governante norte-coreano também sublinhou que o seu país não vê qualquer melhoria nos laços bilaterais “simplesmente pelas relações pessoais entre o líder supremo (Kim Jong-un) e o presidente americano” e questionou se o “aperto de mão” de Singapura deve ser mantido.
Por fim, Ri alegou que os Estados Unidos da América estão a olhar para a Coreia do Norte como se tivesse “todos os tipos” de armas nucleares e citou a existência de porta-aviões e bombardeiros estratégicos americanos na região, em aparente referência ao B-1, que tecnicamente já não está equipado com bombas atómicas, mas que Washington voltou a posicionar em Maio na sua base aérea em Guam.
Leave a Reply