As autoridades cambojanas vão investigar o alegado sequestro de um activista tailandês exilado em Phnom Penh, disse um porta-voz da polícia à agência Reuters na terça-feira, cinco dias depois de homens armados e ainda não identificados o terem arrastado pelas ruas da capital.
O Camboja negou inicialmente estar ao corrente do suposto rapto de Wanchalearm Satsaksit, de 37 anos. O incidente gerou indignação e protestos na vizinha Tailândia, onde manifestantes instaram os Executivos de Banguecoque e de Phnom Penh a investigar a ocorrência.
“As autoridades cambojanas vão abrir uma investigação. Vamos investigar se as informações são ou não verdadeiras”, adiantou Chhay Kim Khoeun, porta-voz da polícia cambojana, em declarações à agência Reuters.
As declarações foram feitas depois de dezenas de manifestantes se terem concentrado do lado de fora da embaixada do Camboja em Banguecoque e terem exigido na segunda-feira uma investigação sobre o desaparecimento do activista. Os manifestantes acusam o Governo da Tailândia de orquestrar o sequestro.
A polícia e o governo tailandês negam as acusações e as autoridades cambojanas também asseguram que não tiveram qualquer envolvimento no desaparecimento de Wanchalearm Satsakit.
Na terça-feira, a família do dissidente pediu ao governo e ao parlamento tailandeses que ajudassem nas investigações. Sitanun Satsaksit, irmã mais velha de Wanchalearm, disse que estava a falar com o irmão ao telemóvel na semana passada quando a ligação foi abruptamente interrompida.
Ao fim de vinte minutos sem notícias, Sitanun foi informada por um amigo que o irmão tinha sido sequestrado em plena rua.
As autoridades tailandesas deram a garantia de que vão prestar apoio à investigação conduzida pelas forças de segurança do Camboja, afirmou o primeiro-ministro Prayuth Chan-ocha: “No que quer que possamos cooperar, assim faremos”, acrescentou. “Mas não vamos interferir com as autoridades de outro país. Eles têm os seus próprios mecanismo de investigação”, lembrou o líder do Governo tailandês.
Wanchalearm fugiu da Tailândia depois de ter sido convocado pelas militares após o golpe militar de 2014 liderado por Prayuth. Em 2018, a Tailândia emitiu um mandado de prisão por violação à Lei de Crimes Informáticis, uma vez que o dissidente geria uma página no Facebook crítica ao governo militar.
Pelo menos oito outros activistas que fugiram da Tailândia após o golpe militar de 2014 desapareceram no Camboja, no Laos ou no Vietname. Os corpos de dois deles foram posteriormente encontrados a flutuar no rio Mekong.
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