As duas filhas do deputado Au Kam San, que na última noite foram detidas pela Polícia de Segurança Pública frente à Igreja de São Domingos por suspeita do crime de reunião ilegal, vão ser investigadas pelo Ministério Público. A informação foi avançada por Ma Chio Hong, o representante da corporação na conferência de imprensa de acompanhamento do surto epidémico do novo coronavírus.
O porta-voz da Polícia de Segurança Pública defendeu a forma como as autoridades agiram na noite de quinta-feira, no Largo do Senado. A corporação colocou dezenas de agentes na principal praça do centro da cidade, os quais incumbiu de identificar e dispersar os que se deslocaram ao local.
A operação resultou na detenção de pelo menos três pessoas, uma por não ter conseguido produzir identificação e duas outras – as filhas do deputado Au Kam San – por terem alegadamente infringido a lei de reunião e manifestação: “De acordo com um acórdão do Tribunal de Última Instância ficou definido que pode haver manifestações de uma só pessoa e que mais de duas pessoas já pode ser uma reunião. Ontem, duas pessoas estavam no Largo do Senado e foram consideradas suspeitas de ter violado a lei de reunião e manifestação”, defendeu Ma Chio Hong, citado pela Rádio Macau.
Cherry Au e a irmã foram conduzidas à Esquadra nº 2, junto ao Canídromo, depois de se terem sentado frente à Igreja de São Domingos com duas velas electrónicas e um panfleto alusivo aos acontecimentos de 4 de Junho de 1989, quando tanques do Exército Popular de Libertação investiram sobre milhares de estudantes que ocupavam a Praça da Paz Celestial.
O representante do Corpo de Polícia de Segurança Pública foi ainda confrontado com a alegada dualidade de critérios na resposta à pandemia, depois de um grupo de cerca de quatro dezenas de residentes de Macau ter alugado um autocarro e circulado por vários pontos da cidade, numa iniciativa de apoio à decisão, tomada por Pequim, de impor a Lei da Segurança Nacional na vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong.
Parco na resposta, Ma Chio Hong disse que a Polícia de Segurança Pública não estava ao corrente do evento: “De acordo com a Lei de Manifestação e de Reunião, quando há necessidade de utilizar espaços públicos, a entidade tem que requerer junto do Comandante da PSP e fazer um pré-aviso. Em relação à tal reunião ou concentração de 50 pessoas no Centro de Ciência, não recebemos nenhuma notificação”, disse, de acordo com a emissora em língua portuguesa da Rádio Macau.
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