
As duas jovens que foram detidas ao final da noite de ontem no Largo de São Domingos só foram libertadas ao início da madrugada. O Corpo de Polícia de Segurança Pública confirmou esta manhã as detenções, explicando que as duas mulheres, filhas do deputado Au Kam San, foram detidas por suspeita de reunião ilegal.
Num breve comunicado, a Polícia de Segurança Pública justifica as detenções com a suspeita de que as jovens tenha violado as instruções emitidas ao longo dos últimos dias relativamente a reuniões e manifestações: “Verificou-se que duas mulheres eram suspeitas de violar as instruções relevantes deste departamento e realizaram actividades de manifestação”, indicou a PSP. “Como as duas mulheres mencionadas acima eram suspeitas de violar as leis de ‘Direitos de reunião’ (…), a polícia levou-as a este departamento para uma investigação mais aprofundada”, o Corpo de Polícia de Segurança Pública acrescenta na mesma nota.
As jovens, ambas maiores de idade e filhas do deputado pró-democrata Au Kam San, foram detidas por voltad as 22:15 frente à Igreja de São Domingos, onde se sentaram com duas velas electrónicas e uma reproduçã da célebre fotografia do “homem do tanque”.
De acordo com Au Kam San, as duas raparigas foram primeiro conduzidas para uma esquadra do Cotai e só depois levadas para a Esquadra da Polícia Número 2, situada junto ao Canídromo, de onde só saíram por volta das duas da madrugada. Aos jornalistas presentes no local, as jovens explicaram que a polícia insistiu em transportá-las para a esquadra, mesmo depois de terem produzido identificação no Largo de São Domingos. A acusação de que eram suspeitas de reunião ilegal só foi mencionada pela polícia uma hora antes de terem abandonado a esquadra:
“Antes de entrarmos na carrinha da polícia, perguntámos especificamente por que razão nos estavam a levar. Eles afirmaram repetidamente que era para confirmar a nossa identidade. O termo reunião ilegal não foi mencionado até uma hora antes de deixarmos a esquadra”, disse Cherry Au aos jornalistas, citada pela emissora em língua portuguesa da Rádio Macau.
Pela primeira vez em 31 anos, o centro da cidade não foi palco de uma vigília de homenagem às vítimas do Massacre da Paz Celestial. A iniciativa decorreu, em alternativa, num apartamento pertencente ao deputado Ng Kuok Cheong e que serve de sede à União de Macau para o Desenvolvimento da Democracia.
A decisão do Corpo de Polícia de Segurança Pública foi justificada com o risco pandémico que se vive no território, uma justificação que acabou por ser posteriormente validada pelo Tribunal de Última Instância. A RAEM não regista novas infecções pelo novo coronavírus há cerca de dois meses e teve no total 45 infectados com a covid-19.
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