Os deputados Sulu Sou e Au Kam San, do magro quadrante pró-democracia do território, insurgiram-se esta sexta-feira contra a reacção das forças de segurança e a detenção de duas jovens, suspeitas de organizarem uma reunião ilegal com o propósito de assinalar o 31o aniversário do massacre de Tiananmen.
Em declarações à agência Lusa, Sulu Sou defendeu que o Corpo de Polícia de Segurança Pública respondeu com “força irracional” à iniciativa das duas jovens, que se limitaram a sentar-se nos degraus da Igreja de São Domingos com velas electrónicas e uma pequena fotografia alusiva aos acontecimentos de 4 de Junho de 1989, na Praça da Paz Celestial.
O jovem deputado, o mais jovem a ser eleito para o hemiciclo, considera ainda que “não havia necessidade de levar alguns jovens para à esquadra”, em referência às detenções de Cherry Au e da irmã-
Au Kam San, pai das duas jovens detidas e promotor da vigília do 4 de Junho, diz ter ficado em “choque” com o procedimento adoptado pelas forças de segurança: “Nunca imaginei que uma assembleia pudesse ser assim definida. Se esta definição absurda se mantiver, qualquer pessoa de Macau pode ser acusada de reunião ilegal em qualquer altura”, escreveu o deputado, na rede social Facebook.
Au Kam San referia-se à justificação avançada pelas autoridades, depois de terem mantido as suas filhas sob detenção durante mais de três horas.
Num comunicado esta sexta-feira de manhã, a Polícia de Segurança Pública esclareceu a forma como procedeu com a suspeita de que as duas jovens estariam a promover actividades ilícitas: “Verificou-se que duas mulheres eram suspeitas de violar as instruções relevantes deste departamento e realizaram atividades de manifestação”, indicou o Corpo de Polícia de Segurança Pública “Como as duas mulheres mencionadas acima eram. suspeitas de violar as leis de ‘Direitos de reunião’ (…), a polícia levou-as a este departamento para uma investigação mais aprofundada”, complementou o organismo.
No Facebook, o deputado partilhou uma fotografia tirada por uma das filhas onde se pode ver duas velas de plástico e uma fotografia alusiva à data e ainda a sua outra filha sentada num banco em frente à igreja de São Domingos.
A vigília no largo do Leal Senado foi proibida pela polícia devido ao risco pandémico que se vive no território, uma justificação validada pelo Tribunal de Última Instância, ainda que Macau não registe qualquer novo caso há mais de cinquenta dias.
Sulu Sou, que propôs que se fizessem várias ‘mini-vigílias” em diferentes locais emblemáticos da cidade, com reuniões até cinco pessoas, de forma a respeitar as directrizes contra aglomerações instauradas por causa da pandemia, também viu a sua ideia ser rejeitada: “Acredito que quanto mais o Governo suprimir a sociedade civil, mais os cidadãos resistirão”, defendeu o jovem deputado em declarações à agência Lusa.
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