A Rússia intensificou na quinta-feira os esforços para limpar uma enorme quantidade de petróleo derramada num rio na região do Árctico. O derrame é considerado pelos ambientalistas como o pior incidente do género na região. Um responsável governamental foi detido por ordem directa da Vladimir Putin.
O presidente russo, Vladimir Putin, interveio pessoalmente na crise ambiental que está a afectar a região do Árctico, ao declarar o estado de emergência e aos exigir às autoridades locais que lidem com a situação. Equipas de limpeza adicionais foram enviadas esta quinta-feira.
Como parte da investigação, Viatcheslav Starostine, funcionário de uma central termeléctrica pertencente à NTEK, subsidiária da gigante Norilsk Nickel, foi colocado em prisão preventiva pelo período de um mês, anunciou um tribunal da cidade de Norilsk, citado pela agência de notícias TASS.
Um dos reservatórios de combustível da central termoeléctrica cedeu na semana passada, causando o vazamento de mais de 20.000 toneladas de petróleo.
De acordo com o Serviço de Emergência Marítima da Rússia, organismo especializado neste tipo de acidentes, os reforços enviados para a área, muito isolada e pantanosa, têm pela frente um desafio complexo: “Nunca houve um derrame desse tipo no Árctico antes. Temos de trabalhar muito rapidamente, até porque o combustível está a dissolver-se na água”, disse o porta-voz daquela entidade, Andreï Malov.
A organização ecológica Greenpeace Rússia afirma que o acidente “é o primeiro desta escala no Árctico”, comparando-o ao naufrágio do Exxon Valdez, no Alasca, em 1989.
O rio Ambarnaïa, afectado pelo derrame, junta-se ao lago Piassino, na origem de um rio com o mesmo nome, fundamental para a península de Taimyr, uma região estratégica onde a Rússia extrai metais preciosos, carvão e hidrocarbonetos.
De acordo com Malov, seis plataformas de contenção foram colocadas no rio para bloquear o fluxo de poluição que se escoa para o lago. Ao mesmo tempo, as autoridades russas estão a bombear o combustível para a superfície.
“É um terreno difícil e aquilo de que necessitamos tem de ser transportado por veículos todo-o-terreno”, ressaltou.
Já o combustível recolhido terá que ser armazenado no local até ao Inverno em recipientes especiais.
A dificuldade da operação levou alguns responsáveis a proporem queimar o combustível no local, opção que a agência ambiental russa exclui.
O porta-voz da Agência de Pesca da Rússia, Dmitri Klokov, disse à agência de notícias TASS que seria necessárias “décadas” para restaurar o ecossistema: “A escala deste desastre está subestimada”, defendeu o responsável, acrescentando que a maior parte do combustível deslizou para o fundo do rio e já está a chegar ao lago.
Os responsáveis pela central termoeléctrica foram criticados na quarta-feira pela demora na resposta à crise. O governador da região de Norilsk admitiu que soube da extensão real do derrame apenas dois dias depois, pelas redes sociais.
Três investigações criminais foram abertas. De acordo com o Ministério Público, 180.000 metros quadrados de terra também foram poluídos antes de o petróleo chegar ao rio.
A Norilsk Nickel, o maior produtor mundial de níquel, disse que o reservatório cedeu quando os pilares “que o sustentaram durante os últimos 30 anos” começaram a afundar. O fenómeno pode estar ligado ao degelo do permafrost causado pelas mudanças climáticas.
Um especialista da ONG World Wide Fund for Nature, Alexei Knijnikov, explicou, porém, que a lei russa exige que qualquer reservatório do género seja cercado por uma estrutura de contenção, o que teria evitado o acidente: “Grande parte da responsabilidade recai sobre a empresa”, defendeu o ambientalista
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