O Governo da vizinha Região Administrativa Especial de Hong Kong aconselhou Washington a abster-se do debate sobre a imposição, por parte da República Popular da China, da lei da segurança nacional. O Executivo do território vizinho alertou que a revogação do estatuto especial de que a RAEHK beneficiava à luz da lei norte-americana vai ter repercussões na economia norte-americana.
O presidente Donald Trump deve anunciar esta sexta-feira novas medidas de resposta à aprovação, por parte da Assembleia Nacional Popular, da lei de segurança nacional sem que a população local seja consultada. Advogados, diplomatas e investidores temem a erosão por completo das liberdades individuais na cidade.
A antiga colónia britânica tem vindo a ser assolada por tumultos devido ao receio de que Pequim esteja a limitar o alto grau de autonomia de que o território supostamente goza à luz do princípio “Um País, Dois sistemas”, adoptado aquando do regresso da antiga colónia britânica à soberania chinesa.
“Quaisquer sanções que venham a ser adoptadas são uma faca de dois gumes que prejudicará de forma significativa não só os interesses de Hong Kong, mas também os dos EUA”, defendeu o Executivo liderado por Carrie Lam.
Entre 2009 e 2018, o superávit comercial norte-americano de 297 mil milhões de dólares com Hong Kong foi o maior entre todos os parceiros comerciais de Washington. Mais de um milhar de empresas dos EUA têm sede na cidade, complementou o Governo do território vizinho.
Pequim fez saber que a nova legislação, que provavelmente irá entrar em vigor antes de Setembro, vai combater a secessão, a subversão, o terrorismo e a interferência estrangeira na cidade. O diploma prevê que as forças de segurança da República Popular da China possam abrir representações na RAEHK.
O Ministério da Segurança Pública da República Popular da China disse que vai “aconselhar e apoiar a polícia de Hong Kong no desígnio de refrear a violência e de restaurar a ordem”. A polícia de Hong Kong é independente das forças de segurança chinesas e o Ministério da Segurança Pública não tem poder para aplicar a lei na cidade.
Esta semana, a polícia de choque lançou gás pimenta para dispersar milhares de manifestantes durante o primeiro grande protesto em mais de cinco meses, desde as gigantescas manifestações do ano passado. Este ano, por causa do surto do novo coronavírus, houve uma pausa nas manifestações.
As autoridades chinesas e o governo de Hong Kong dizem que a legislação não ameaça a autonomia da cidade e que os interesses dos investidores estrangeiros serão preservados.
O principal conselheiro económico de Trump, Larry Kudlow, avisa, ainda assim, que Hong Kong deverá ter que ser tratada como a República Popular da China no tocante ao comércio e a outras questões financeiras, e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu que as autoridades permitam que manifestantes pacíficos exerçam a liberdade de expressão e de reunião livremente.
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