Será que os cães conseguem detectar o novo coronavírus? A Organização Não Governamental britânica Medical Detection Dogs acredita que sim e começou a treinar os seus animais para que farejem o coronavírus, como já acontece com outras doenças. O cancro e a doença de Parkinson são algumas das maleitas que podem ser detectadas por cães treinados.
Criada em 2008 para usar o olfacto agudo dos cães na detecção de doenças humanas, a Medical Detection Dogs começou a trabalhar num novo projecto no final de Março.
No seu centro de formação em Milton Keynes, no centro da Inglaterra, uma mão cheia de cães estão a receber treino intenso para farejar amostras do vírus e transmitirem a informação quando o detectarem.
O procedimento baseia-se na ideia de que cada doença emite um odor distinto, o qual os cães estariam numa posição única para detectar. A Medical Detection Dogs trabalhou no passado com dezenas de cães de cancro, da doenças de parkinson e de várias infecções bacterianas: “Acreditamos que os cães podem detectar a COVID-19 e que poderão examinar centenas de pessoas muito, muito rapidamente para saber quem precisa ser submetido a teste e ser isolado”, explica à AFP a fundadora e directora-executiva da ONG, Claire Guest, uma médica de formação.
“Temos provas de que os cães podem detectar bactérias e outras doenças. Acreditamos que levar esse projecto avante fará uma grande diferença na capacidade de controlar a propagação da COVID-19”, acrescenta.
Guest está a trabalhar com a Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres (LSHTM) e com a Universidade de Durham no nordeste da Inglaterra. Esta é a mesma equipe que se uniu, recentemente, para mostrar que os cães podem ser treinados para detectar a malária.
O chefe do Departamento de Controle de Doenças da LSHTM, James Logan, afirma que o projecto demonstrou que os cães podem identificar odores de humanos com “uma precisão extremamente alta”. O investigador considera que há “uma probabilidade muito alta” de que sejam capazes de detectar a COVID-19 de forma semelhante e, potencialmente, “revolucionar a nossa resposta” à doença.
A equipe tem como objectivo treinar os animais por um período de seis semanas para ajudar a proporcionar uma ferramenta de “diagnóstico rápido e não-invasivo”.
Os cães também podem detectar mudanças subtis na temperatura da pele, o que os torna potencialmente úteis para determinar se uma pessoa está com febre.
A Medical Detection Dogs também entrou em contacto com o governo britânico para explicar como os animais podem ser aliados valiosos no combate à pandemia.
Se tiverem sucesso, estes dispositivos de detecção com quatro patas podem ser implantados nos aeroportos para identificar os portadores do vírus, destaca Steve Lindsay, da Universidade de Durham: “É algo que pode evitar que a doença reapareça depois de o actual surto ser controlado”, acrescenta.
O número de casos de coronavírus confirmados em todo mundo já ultrapassa os dois milhões e meio. Acredita-se, porém, que o número real de infecções seja maior, já que muitos países estão a analisar apenas os casos graves ou os pacientes que necessitam de ser internados.
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