Coronavírus. Trabalhadores não-residentes denunciam casos de exploração laboral

Associações de trabalhadoras domésticas em Macau denunciaram à agência Lusa casos de exploração laboral desde que foram adoptadas medidas de excepção devido ao novo coronavírus. Entre as queixas apontadas estão cortes nos salários e a decisão, tomada por alguns patrões, de as manterem confinadas a casa.

Para além da redução nos vencimentos acordados e da obrigatoriedade de permanecer em casa dos patrões em condições pouco dignas, as empregadas domésticas dão conta de um número crescente de outros casos que configuram exploração laboral, depois de o Governo ter encerrado praticamente todos os espaços comerciais, culturais e desportivos e de ter enviado milhares de trabalhadores e alunos para casa.

A presidente da União Verde dos Trabalhadores Migrantes das Filipinas em Macau, Nedie Taberdo,  adiantou que a organização avançou já com inquéritos junto das trabalhadoras  – sobretudo de nacionalidade filipina – para detalhar a natureza das queixas.

A intenção, esclareceu Nedie Taberdo, é de posteriormente, exercer pressão junto das autoridades de Macau, especialmente junto da Direção dos Serviços para os Assuntos Laborais, para protegerem os direitos laborais das trabalhadoras.

Já a presidente da União Progressista dos Trabalhadores Domésticos de Macau, Jassy Santos, acrescentou outros ‘atropelos’ aos direitos das empregadas domésticas: despedimentos, horas extraordinárias sem o respectivo pagamento e o facto de não serem disponibilizadas máscaras ou produtos desinfectantes às trabalhadoras, forçadas a ficar em casa dos patrões sem direito a quarto ou mesmo uma cama.

Macau conta actualmente com nove pessoas infectadas, que, nos próximos dias, podem receber alta, de acordo com as autoridades, que sublinharam já o facto de não terem sido identificados mais casos há cinco dias consecutivos.

As autoridades do território adooptaram uma série de medidas excepcionais, que passaram pelo encerramento de casinos, pelo envio de trabalhadores da função pública para casa e pela suspensão das aulas, obrigando muitas crianças e jovens a permanecerem nos seus lares.

As medidas praticamente paralisaram a economia, com os empregadores privados a enviarem também os trabalhadores para casa, muitos deles a garantirem o trabalho igualmente à distância.

As autoridades chinesas elevaram esta segunda-feira para 908 mortos e mais 40 mil infectados o balanço do surto de pneumonia na China continental causado pelo novo coronovírus (2019-nCoV) detectado em Dezembro, em Wuhan, capital da província de Hubei, no centro do país.

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